R. Caetano vê imagem do Vasco arranhada e cobra compromisso por reestruturação

Rodrigo Caetano não precisa pensar para responder sobre o Vasco. Conhecedor do clube, o diretor executivo inicia a segunda passagem por São Januário com a vontade de um iniciante e a experiência típica dos veteranos. Porém, apesar da satisfação e otimismo por dias melhores no retorno, o gaúcho de 43 anos não esconde a preocupação com o resgate da imagem cruzmaltina no mercado e a cobrança do comprometimento integral aos jogadores.

Na última segunda-feira, o dirigente conversou com a reportagem do UOL Esporte no CT João Havelange, em Pinheiral, local da pré-temporada do Vasco. Entre diversos assuntos, Caetano falou de eleições, altos salários no futebol e até sobre a passagem recente pelo Fluminense.
Confira os principais trechos da entrevista com o diretor vascaíno:
UOL Esporte: Você retornou ao Vasco em um período difícil por conta do rebaixamento e os impasses financeiros. Atualmente, qual a credibilidade do clube no mercado e o seu principal desafio?
Rodrigo Caetano
: Não é a ideal, sem sombra de dúvidas. A imagem fica arranhada por conta dos problemas. Muitas coisas foram enfrentadas por outros clubes, mas tornaram-se públicas no Vasco com muita facilidade. Isso não colabora em absolutamente nada. Atrapalha a imagem e confunde-se com a credibilidade. É um fator que nos deixa em condição desfavorável ao atuar no mercado. Temos que inverter esse processo. Não dá para culpar, mas as pessoas pegaram um cenário muito ruim em 2013. Vamos tentar mudar essa imagem e fazer com que o time vença.
UOL Esporte: A cobrança pelos salários em dia sempre esteve presente em sua primeira passagem no Vasco. Esse padrão vai continuar?
Rodrigo Caetano:
 Voltei acreditando que as pessoas vão fazer a sua parte independente dos problemas extracampo. O jogador tem o seu compromisso com o clube, que não pode deixar de honrar o seu com o atleta. Caso contrário, tiramos o foco do campo para que o jogador seja o protagonista dessa cobrança. As normas e condutas já estão claras. Não é do dia para noite, mas vamos promover essa ligação direta com quem compete fazer isso.
UOL Esporte: Você se considera linha dura? Jogador de futebol só funciona com cobrança?
Rodrigo Caetano: 
Não. Funciona quando falamos a verdade. Mesmo que seja uma verdade dura. Só se estabelece uma relação de confiança desta forma. Sempre conduzi os meus trabalhos assim. Isso que vai pautar o Vasco. Jamais vou expor os atletas. Acredito em uma relação de confiança e transparência. Só assim existe a longevidade. Não é através de berro. É falando a verdade, nada mais.
UOL Esporte: O que te deixa irritado no futebol e que não pretende ver no Vasco?
Rodrigo Caetano:
 Costumo dizer aos jogadores que quando firmamos um contrato com o clube movimenta a nossa família. Me irrita quando vejo um atleta sem comprometimento. Não é somente em treino. É na postura, tudo o que envolve o dia a dia. Quem trabalha em esporte de alto rendimento é assim. Existe o ônus de ser fiscalizado, mas existem muitos bônus. É preciso abrir mão de uma vida familiar. Porém, para resolver a vida financeira muito mais rápido. Perceber a falta de comprometimento me deixa muito incomodado. Não temos esse direito.
UOL Esporte: Muita gente diz que os salários são absurdos no futebol. Este fator dificulta em algumas ocasiões o trabalho. Como enxerga a questão?
Rodrigo Caetano:
 Acredito que isso está voltando ao normal. A tendência é a de que se estabeleça um novo padrão no Brasil. Existe a estrela, que recebe o maior valor, mas a regra está normalizando. Fica inviável manter as receitas e despesas da forma como está. Como vamos entrar em um contrato desse jeito? Não dá. Está começando um desenho de forma contrária. O pico da elevação salarial já foi. É hora de colocar os pés no chão e baixar para padrões normais.
UOL Esporte: O seu contrato vai até o final do ano, mas o Vasco vai passar por eleições. Sente-se inseguro no cargo?
Rodrigo Caetano:
 Pedi um contrato sem multa por causa disso. O futuro presidente ou grupo político pode ter isenção e fazer a sua escolha futuramente. Graças a Deus, tenho uma condição na qual não preciso ficar seguro ao contrato. Acredito que todos os grupos políticos querem a mesma coisa. O objetivo é fazer o Vasco caminhar para que o novo mandatário pegue o clube em uma condição melhor do que hoje. Penso que o ideal é ter o mínimo de tranquilidade para isso.
UOL Esporte: Qual a sua relação com o ex-presidente e candidato ao próximo pleito Eurico Miranda?
Rodrigo Caetano:
 Tenho uma boa relação com as pessoas que fazem parte do grupo dele, assim como tenho com outros grupos. Em algum momento convivi, fiz algum tipo de consulta. Desde que voltei ao Vasco algumas dessas tantas pessoas ligaram e disseram que iriam me apoiar até o final. Vejo que o Vasco é um só no fim das contas. O clube precisa estar sempre em primeiro lugar.
UOL Esporte: Você trabalhou no Fluminense com um suporte importante da patrocinadora do clube. No Vasco, a situação é oposta. Quais são as diferenças entre dois clubes tão tradicionais?
Rodrigo Caetano:
 O primeiro ano lá foi de investimento. E tivemos um segundo ano com bastante redução. Não tinha dinheiro sobrando, como também não faltava. Existe um grande patrocinador que facilita, não há dúvida. O Vasco é diferente, pois não tem esse grande patrocínio, apesar de ter bons parceiros, mas não aquele que se responsabiliza pelos vencimentos dos atletas. É como se existisse um caixa único para todos os esportes no Vasco. Talvez seja por isso a maior dificuldade em equilibrar o passivo.
UOL Esporte: Faltou autonomia no Fluminense para o seu trabalho?
Rodrigo Caetano:
 Sou grato ao Fluminense. Cumpriram tudo o que combinaram comigo. Só não quiseram renovar o meu contrato. Isso me pegou um pouco de surpresa, mas é um direito que eles têm. Não quero comparar a autonomia dos clubes. Tudo sempre foi dividido por onde passei. É assim que funciona no Vasco. Voltei em dezembro e trabalho com toda a diretoria.
UOL Esporte: Falando nisso… Qual será o papel do Ricardo Gomes no novo organograma?
Rodrigo Caetano:
 Fica momentaneamente como uma espécie de diretor técnico. Faz o link com a parte administrativa da direção e o elenco. Vai agregar experiência e conhecimento na comissão técnica. Essas serão as suas funções de início. O volume de trabalho é muito grande. Por isso, ele tem sido uma retaguarda excelente para todos nós.

Fonte: Uol

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