Campeão em São Januário? Em 2004, Vasco estragou festa do Atlético-PR

Um favorito para o título chega a São Januário cheio de banca e com a taça nas mãos. Do outro lado um Vasco que luta contra o rebaixamento, precisando da vitória. O cenário do jogo contra o Corinthians, da próxima quinta-feira, não é inédito para os vascaínos. Em 2004, o adversário era o Atlético-PR, líder do Brasileiro, mas com vantagem que não era tão grande sobre o segundo colocado, o Santos – dois pontos atrás dos paranaenses na penúltima rodada do Brasileiro. O clima de decisão, porém, fazia ferver igual São Januário. O alívio dos vascaínos veio aos 21 minutos do segundo tempo com a cabeça certeira, e com raiva, do zagueiro Henrique.

Aos 44 anos, o ex-jogador, revelado em São Januário, aposta num roteiro parecido para os vascaínos. Nem Nenê, artilheiro do time no Brasileiro com sete gols, muito menos Rafael Silva, jogador que mais vezes balançou as redes pelo Vasco em 2015.

– É um jogo especial para o Rodrigo, vai ser o de número 100 dele né. Ele pode ser o salvador da pátria dessa vez. Tem grande chance de bater uma falta bem ou até na bola aérea ofensiva, porque ele sobe muito bem também. Ele pode vir a ser o Henrique de 2015 – disse o ex-atleta.

Washington, o Coração Valente, seria o artilheiro da competição naquele ano com 35 gols, mas nenhum naquela tarde quente do dia 3 de novembro de 2004 em São Januário. Vereador por Caxias do Sul hoje, o ex-jogador lembra “como se fosse ontem” daquela partida. Nem ele nem Henrique, personagem principal daquela partida, com o gol de cabeça que deu a vitória ao Vasco e frustrou o Atlético-PR, têm dúvida: o clima era de guerra no campo vascaíno. E deve se repetir na próxima quinta-feira às 22h contra o líder e virtual campeão brasileiro Corinthians.

– Quando chegamos no estádio, lembro que ficamos uns 20 minutos parado na rua, sem conseguir entrar em São Januário. Os torcedores fecharam as ruas e tivemos que esperar até o policiamento a cavalo abrir espaço. Dentro do estádio, não pudemos aquecer no campo, mas num ginásio ali atrás do campo – recorda Washington, ressaltando que não houve nenhum episódio de violência apesar de toda a pressão no estádio.

Inflamados por Eurico Miranda, que também era presidente do Vasco à época e nutria rixa com o ´Mario Petraglia do Atlético-PR, os jogadores viam no vestiário recortes de jornais com reportagens do Paraná que falavam em “volta olímpica em São Januário”. Henrique, que trabalha como auxiliar de Artur Neto, lembra de ler que os jogadores adversários falavam em “comer bacalhau e tomar champagne em São Januário”. Menosprezo? Washington garante que nunca houve esse tratamento por parte da equipe atleticana.

– Jamais faríamos isso. Isso foi colocado dentro do Vasco para inflamar os jogadores, talvez pelo problema do Eurico com o Petraglia. Até ficamos espantados quando eles disseram isso.

“Naquela época não havia punições severas”
Henrique também lembra de presença assídua de Eurico Miranda no campo e no vestiário na semana da partida – coincidentemente, no último jogo, contra o Palmeiras, o presidente do Vasco viajou com a delegação pela primeira vez para um jogo fora do Rio neste Brasileiro.

– A gente viu Eurico como nunca se viu nos treinos, nessa semana. Normalmente, ele ficava muito lá em cima. Apoiava, passava confiança, força, desejando sucesso para todos nós – conta Henrique, que não lembra do prêmio extra para escapar do rebaixamento, mas confirma que a situaçã atual – o Vasco pagou  R$ 40 mil pela vitória contra o Palmeiras na última rodada – é mais uma repetição do roteiro para a partida da semana que vem.

– Não me lembro quanto recebemos, mas teve prêmio. Depois, nos reunimos na pizzaria do Petkovic, com tudo liberado para toda a família. Acho válido. Tudo que venha incentivar o atleta é bem-vindo. Ainda mais no fim do ano. Quem não gosta quando o Papai Noel chega antes e deixa algum presente? – brinca Henrique.

Com muita pressão dos torcedores dentro e fora do estádio, Washington reconhece que o time – que tinha Fernandinho, no meio de campo, e Levir Culpi, hoje do Galo, no banco – pode ter entrada intimidado. Ele cita a evolução das leis desportivas e as punições mais severas para situações de violência em estádios dos últimos anos como garantia de que o Corinthians não vai sofrer tanto quanto o Atlético-PR naquela tarde de 2004.

– Não digo que havia medo de jogar em São Januário, mas naquela época não havia punições severas como temos hoje. Havia receio de acontecer alguma coisa e não dar em nada. Hoje as coisas mudaram. Por isso vejo a situação muito mais favorável ao Corinthians. O que não impede da pressão ser grande – afirmou o Coração Valente.

Na última rodada, fora de casa, já garantido na Série A com a vitória da penúltima rodada, o Vasco perdeu para o Santos e o Furacão apenas empatou com o Botafogo. O Peixe foi campeão com três pontos de vantagem. Justamente aqueles três pontos que ficaram pelo caminho no Rio de Janeiro, no estádio de São Januário.

Ficha técnica da partida:

Vasco – Everton; Henrique, Fabiano (Gomes) e Daniel; Thiago Maciel, Ygor, Coutinho, Júnior (Marco Brito), Petkovic e Daniel; Anderson. Técnico: Joel Santana

Atlético-PR – Diego; Marinho, Rogério Corrêa e Marcão; Raulen (Pingo), Alan Bahia (Morais), Fabiano, Fernandinho e Ivan; Denis Marques e Washington. Técnico: Levir Culpi.

Árbitro: Wilson de Souza Mendonça (Fifa-PE)

Cartões amarelos: Henrique (V), Ygor (V), Ivan(A)

Gol: Henrique, aos 21min do segundo tempo

Fonte: Globo.com

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