Dois times, 14 reforços… Vasco muda a cara tarde demais para evitar queda

Ficou no quase. A surpreendente reação do Vasco na metade final do Campeonato Brasileiro por pouco não terminou em milagre para quem chegou a ser dado com 99% de chances de rebaixamento ainda no início de setembro, segundo o matemático Tristão Garcia. Mas com apenas uma derrota nas últimas 15 rodadas, a torcida ficou com a sensação de que um pouco mais de tempo, talvez mais um jogo ou dois, seria o suficiente para salvar o ano. Só que já era tarde demais… O empate por 0 a 0 com o Coritiba no último domingo, no Couto Pereira, decretou a queda do Cruz-Maltino para a Série B, a terceira do clube em oito anos. Cenário que poderia ter sido evitado se a diretoria não tivesse demorado tanto para ir às compras.

Dos 35 reforços apresentados desde janeiro – recorde de contratações entre clubes da Primeira Divisão este ano – 14 chegaram para o Brasileiro, sendo nove só no segundo semestre de 2015. Entre eles, três titulares: Nenê, Andrezinho e Jorge Henrique. E mais dois que já tiveram vaga fixa no início da arrancada: Bruno Gallo e Leandrão. O Vasco acabou montando duas equipes distintas com desempenhos para lá de diferentes ao longo do campeonato. A base que começou o primeiro turno com Doriva e terminou com Celso Roth (veja na imagem abaixo) somou só 13 pontos em 57 possíveis, um aproveitamento de apenas 22,8%, e terminou na lanterna.

 

Campinho Vasco turno 2015 (Foto: Arte Esporte)

O time das primeiras 19 rodadas ainda tinha Jhon Cley e Gilberto, que deixaram o clube no meio da temporada rumo ao Al-Qadisiyah (Arábia Saudita) e Chicago Fire (Estados Unidos), respectivamente. Emanuel Biancucchi e Herrera também foram escalados com frequência na época, mas os gringos decepcionaram – o primo de Messi chegou a ter momento de destaque, mas posteriormente caiu de rendimento. Guiñazu tinha lugar fixo no meio de campo, assim como o contestado Christiano na lateral esquerda. Julio César chegou a ser titular com Roth, só que numa posição mais avançada, como um meia, sem sucesso. Aquela equipe teve a maioria das vezes Charles no lugar de Martín Silva, desfalque durante várias rodadas por convocações e lesão. E na zaga, Anderson Salles revezou com Luan no período dos Jogos Pan-Americanos.

 

Tabela últimos 15 jogos (Foto: Arte Esporte)

Por sua vez, a equipe sob o comando de Jorginho (veja na imagem abaixo) fez 28 pontos em 57 disputados, e terminou em 8º lugar na classificação do returno – à frente de clubes como Sport, Atlético-PR e Ponte Preta, que no agregado estão na parte de cima da tabela. Ou seja, se tivesse o mesmo rendimento no primeiro turno, a pontuação atual seria suficiente para sequer precisar brigar contra o Z-4. Se contar só os números da arrancada, a partir da 24ª rodada, o Vasco foi o segundo que mais pontuou ao lado do Cruzeiro e só atrás do campeão Corinthians.

– A gente vem fazendo a nossa parte. O primeiro turno foi muito ruim, muito pouco para um campeonato difícil como a Série A. O time encaixou tarde, o Jorginho chegou um pouco tarde infelizmente. Mas o segundo turno, da Ponte para cá, é digno do Vasco. Honramos a camisa – admitiu Julio César após a vitória sobre o Santos, antes da última rodada.

 

Campinho Vasco returno 2015 (Foto: Arte Esporte)

Jorginho sacou Christiano e promoveu Julio César, que foi muito bem tanto na defesa quanto no ataque, inclusive marcando gols. Mudou a forma de jogar do meio de campo: barrou Guiñazu, considerado lento na recomposição; bancou Diguinho após o jogador se recuperar de um problema nas costas que o afastou dos campos por longo período; surpreendeu com Bruno Gallo, ora de primeiro, ora de segundo volante – Serginho ganhou a posição nos últimos jogos; e fez o time jogar em função de Nenê, único do setor com pouca preocupação de marcar. No ataque, foi de Leandrão e Jorge Henrique – o centroavante teve papel importante até cair de produção e ceder lugar para a volta de Riascos. E Rafael Silva passou a ser mais utilizado.

A conquista do Campeonato Carioca, quebrando um jejum de 12 anos no estadual, influenciou na demora do Vasco em agir. O título passou a ilusão de que o time seria capaz de caminhar bem até a abertura da janela de transferências internacionais, o que não aconteceu. Outro fator visto internamente como perda de tempo foi a passagem de Celso Roth, que ficou 55 dias em São Januário. Conhecido por ser linha dura, o técnico passou longe de conquistar o grupo de jogadores. A chegada de Jorginho em agosto faz parte das contratações tardias que mudaram a cara do Cruz-Maltino no Brasileiro: Andrezinho e Bruno Gallo reforçaram o elenco em julho; Nenê, Jorge Henrique, Seymour e João Carlos (zagueiro que sequer estreou), chegaram no mesmo mês do atual comandante; e Leandrão, Bruno Teles e Jeferson (lateral e meia que também não jogaram) só chegaram em setembro, dias antes do encerramento das inscrições no campeonato. No desespero, o clube ainda chegou a anunciar no segundo semestre o meia holandês Urby Emanuelson, ex-Milan, da Itália, mas o jogador aumentou a pedida de última hora e melou a negociação dada como certa. No fim das contas, acabou sendo tarde demais.

Fonte: GloboEsporte.com

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