Vascaíno desde criança, Bruno Teles admite frustração: “Queria ter jogado”

O coração balançou na chegada. Após mais de cinco anos fora do Brasil, Bruno Teles diz ter recusado convite de outro clube da Série A para acertar com o Vasco e apostar em um contrato de apenas quatro meses. E o coração volta a balançar na saída. Com o vínculo perto do fim e sem perspectiva de renovação, a frustração bateu por sequer ter tido chance de jogar – ficou duas vezes no banco, contra São Paulo e Chapecoense, pelo Brasileirão.

Vascaíno desde criança, Bruno nem teve tempo de falar como jogador cruz-maltino, já que não teve apresentação oficial. Com o time em crise, o lateral-esquerdo de 29 anos foi contratado às pressas, tornou-se o quarto jogador da posição na temporada – após Christiano, Erick Daltro e Julio César – e o último reforço inscrito no Brasileirão, já no final do prazo limite, em setembro. Pouco mais de 100 dias depois, ele já lamenta a passagem relâmpago por São Januário. Mas descarta mágoa e garante que irá guardar boas lembranças.

– Tive uma proposta de outro clube grande da Série A, escolhi o Vasco muito pela paixão de infância. O Vasco estava numa situação difícil, sabia disso, mas aceitei o desafio de tentar tirar a equipe dessa. Acabou que o time começou a ganhar, encaixou, o Julio César começou a jogar muito bem, fez gols, não levou amarelo, foi sempre regular, e ficou ruim para surgir oportunidade. Fiquei um pouco frustrado, queria muito ter jogado e ajudado de uma forma mais concreta. De uma forma ou de outra a gente acaba colaborando nos treinos, mas no jogo é diferente. Queria ao menos ter estreado pelo meu clube de infância. Mas fico lisonjeado por ter feito parte do grupo, ter trabalhado com o Jorginho e o Zinho, ter vivido o dia a dia do Vasco. Vou ficar na torcida para que suba – afirmou o ala, dizendo que o curto período de contrato foi consenso entre as partes na época.

– Fizemos só até fim do ano porque a expectativa era de jogar e agradar, aí sim pensar em renovação. Foi um consenso. Quando vai tudo bem, o pessoal procura.

Bruno Teles foi contratado um dia antes de o Vasco vencer a Ponte Preta em Campinas e dar início à arrancada no campeonato que quase salvou o clube do rebaixamento. Revelado pelo Grêmio, o lateral estava sem contrato desde que deixou o Krylia Sovetov, da Rússia, e ficou três meses parado antes de se transferir para São Januário. Ele precisou passar por uma trabalho individual para readquirir ritmo e admitiu que sua condição física o prejudicou no início.

– Acabou atrapalhando porque antes fiquei três meses em casa, negociando, até que pintou o Vasco e o coração falou mais alto. Cheguei bem abaixo dos demais, apesar de que estava no meu peso, me cuidando na academia, com personal, mas não é a mesma coisa. Os caras estavam no meio da temporada, voando, e eu na estaca zero. Precisei de duas semanas mais ou menos, e nesse período o time começou a ganhar, embalou.

Natural de Alvorada, cidade do Tocantins e onde passa férias atualmente, Bruno virou vascaíno por forte influência do pai, Alailson, e do tio, Alaedes. Nunca teve a oportunidade de ir ver os jogos do Vasco no estádio, mas acompanhava tudo pela televisão – diz que as partidas em que mais torceu foram a vitória sobre o Palmeiras, 4 a 3 de virada na final da Mercosul, e a derrota por 2 a 1 para o Real Madrid, da Espanha, na final do Mundial de Clubes de 1998. Revela que já defendeu Jorginho da irritação do pai, que cobrava oportunidades ao filho, e lembra o “pé frio” dos familiar na única vez em que veio ao Rio de Janeiro.

– Acho que foi um final de semana de feriado aqui. Ele foi ao Rio ver o jogo contra o Fluminense. Falei para ele: “Você que é o pé frio, melhor você ver pela TV, pode ir no estádio não”. Ele ficou na expectativa de ver o filho jogar – contou o ala, lembrando da derrota por 1 a 0 no Engenhão, o único revés do Vasco nos 15 jogos finais do Brasileirão.

Empresário de Bruno Teles, Jorge Américo disse que não foi procurado pelo Vasco até agora e que dois clubes da Série A já o sondaram buscando informações pelo lateral. O próprio jogador diz ter recebido ligações de interessados da Rússia e de Portugal, países em que atuou nos últimos anos, mas que vai deixar para decidir seu futuro após as férias com a família. Como ainda não teve um anúncio de dispensa oficial, mantém a expectativa de ainda poder renovar.

– Esperança sempre tem, o coração fala mais alto. Gostaria muito de poder continuar, ficaria com o maior prazer e vontade, mas não depende de mim. Pelo que vi nas notícias, não faço parte dos planos. Mas se isso mudar estarei pronto para voltar e dar o meu melhor.

21232424679_bdde1d9fd7_b

Bruno Teles é um dos sete jogadores contratados pelo Vasco em 2015 que sequer estrearam. Além dele, tiveram:os zagueiros João Carlos, outro em fim de contrato e que deve sair, e Nikolas Mariano, emprestado ao Oliveirense, da Segunda Divisão portuguesa, até o meio de 2016; o lateral-esquerdo Erick Daltro, com contrato até 2017 e que ficou encostado após ser devolvido antes da hora pelo XV de Piracicaba devido a um ato indisciplinar; os meias Daniel Rozen, dispensado em maio após terminar o vínculo, e Jeferson, que chegou em setembro, fez um acordo para tirar uma ação na Justiça e renovou até o fim do ano que vem; e o atacante Erick Luís, que foi repassado ao Bragantino e ao Boa Esporte na temporada e tem contrato até 2017.

Fonte: GloboEsporte.com

Notícia anteriorDas promessas, Mateus Pet é o único garantido entre os profissionais do Vasco em 2016
Próxima NotíciaVasco contratou sete jogadores em 2015 que sequer entraram em campo