Vestiário fechado, luvas e máscaras na fisioterapia… Saiba como vai ser o protocolo médico montado pela CBF

Coordenada pelo presidente da Comissão Nacional de Médicos da CBF, Jorge Pagura, um grupo de trabalho com médicos de clubes e um infectologista redigiu série de orientações para o retorno dos clubes às atividades. Não há ainda data definida para a volta do futebol nem aos treinos, mas os médicos se reuniram durante os últimos dias algumas vezes para definir parâmetros básicos que possam servir para clubes da Série A a D.

Além de Pagura e do médico Rodrigo Lasmar, do Atlético-MG e da Seleção, o infectologista Sergio Wey, do Hospital Albert Einstein, mais os chefes dos departamento médicos do Flamengo, Márcio Tannure, do Avaí, Luis Fernando Funchal, e da Ponte Preta, Roberto Nishimura, participaram da confecção dos principais pontos do documento. O protocolo médico geral vai ser submetido à aprovação na CBF antes de ser replicado a clubes pelo país.

Documento do Bayern de Munique sinaliza acesso de jogadores e divide grupos de trabalho por cabines — Foto: Reprodução

Documento do Bayern de Munique sinaliza acesso de jogadores e divide grupos de trabalho por cabines — Foto: Reprodução

Clube alemão separa atletas por grupos e em intervalos de horários para não haver aglomeração — Foto: Reprodução

O GloboEsporte.com antecipa alguns pontos que foram discutidos. Eles servirão de guia para o retorno de atletas e profissionais de clubes pelo país.

– Queremos algo mínimo para todos os clubes do Brasil, independentemente do poderio econômico de cada um – comentou na semana passada Jorge Pagura, que coordena o grupo de trabalho e analisa também protocolos de ligas de outros países.

Os médicos consultaram protocolos que já estão sendo utilizados nas federações da Espanha, de Portugal e em alguns clubes do Japão e da Alemanha, como o Bayern de Munique e o Bayer Leverkusen.

Documento da federação espanhola foi um dos estudados por médicos brasileiros — Foto: Reprodução

Documento da federação espanhola foi um dos estudados por médicos brasileiros — Foto: Reprodução

Testes de coronavírus

Pagura, da Comissão Nacional de Médicos da CBF, disse ao GloboEsporte.com na última semana que havia a possibilidade da aquisição de aparelhos para testes de coronavírus. Este grupo de trabalho fez levantamentos de custos. O Flamengo já se antecipou e comprou 600 equipamentos.

Não há definição se estes valores seriam repassados à CBF e às federações, mas há disposição de algumas delas em adquirir testes – o que não tem sido fácil de maneira geral em atendimento à população.

– Um aparelho para teste desses pode custar de R$ 150 a R$ 250. Fizemos alguns levantamentos de lotes com 1.000 aparelhos. Estamos estudando isto – disse Funchal, há mais de 20 anos no departamento médico do Avaí.

Medição de temperatura

Outro aliado tecnológico na prevenção do coronavírus, aparelhos de medição de temperatura à curta distância – sem necessidade de encostar no atleta, como já acontece em algunas aeroportos – serão fundamentais para o retorno aos treinos.

Na Alemanha, os jogadores foram orientados a chegarem ao CT de 10 em 10 minutos. A temperatura deles era medida ainda no carro. Caso um atleta esteja com temperatura alta, ele pode nem descer do carro e ser encaminhado para quarentena em casa. No Brasil, alguns clubes vão adotar procedimento semelhante, com intervalo maior de chegada dos atletas no local de treino.

Treinos separados

Como treinar evitando contato entre jogadores? Não é simples, muito menos cômodo, mas a ideia é separar jogadores por turno de trabalho e até por campos, se houver estrutura para isso. A grosso modo, como se o treino de goleiros, sempre separado, seja replicado em treino para laterais, treino para zagueiros, treino para meias, treino para atacantes.

– Você pode dividir o campo pela metade ou em até três partes. Com distanciamento mínimo de 2 metros entre eles, você pode colocar até três por campo. No Avaí temos quatro campos, seriam 12 por sessão de treino. Em 2h, pode treinar todo o elenco – explicou Funchal, ressaltando, porém, que evidentemente poucos clubes vão ter facilidade de campos e profissionais de preparação física suficiente.

As orientações de treinos podem ser feitas em videoconferência e, em caso de uso da academia (prática que atenderia a mesma norma, ou seja, em grupos pequenos), um preparador físico orientava o atleta através de chamada de vídeo.

Uso de instalações do clube

Outro item que depende muito da estrutura do clube, mas em regra o protocolo tem duas ordens:

  • cozinhas e rouparias fechadas, para evitar exposição de mais pessoas a possível contaminação.
  • vestiários fechados ou boxes exclusivos para atletas.

Qual orientação aos atletas? Devem ou vir vestidos com uniforme de treino ou se trocarem em local exclusivo e separado. No caso do Flamengo, em CT de última geração, os jogadores têm quartos e banheiros individuais.

Depois do treino, eles devem usar uma toalha e levarem as roupas para lavar em casa. Da mesma maneira, os próprios atletas que devem higienizar, por exemplo, o carro com álcool em gel. Em caso de box separado para banho nos clubes, o local deve ser higienizado depois.

Os clubes devem fazer os atletas entenderem que cada um precisa ter uma garrafa de água (ou de isotônico, por exemplo) específica para cada um deles. Para não correr risco de um usar a garrafa de outro.

Tratamento médico e fisioterapia

Um dos pontos mais importantes do protocolo. Funchal cita exemplo de quatro atletas, em estágios diferentes de recuperação, que voltaram de cirurgia e precisam se tratar. Ou podem atrasar ainda mais o retorno ao futebol.

Como fazer fisioterapia sem tocar nos atletas? Com máscaras e luvas apropriadas no contato com os jogadores. Sem conversa e contato físico. Ao fim da sessão de tratamento, higienização do local de trabalho.

A mesma organização de treinos e uso de academia também vale para o trabalho de recuperação e tratamento. Ou seja, um médico cuida de determinado grupo. Outro fisioterapeuta de outro. Caso haja alguma contaminação nesse grupo, o isolamento em quarentena será necessário apenas para este grupo de pessoas.

Fonte: globoesporte

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