Atacante campeão pelo Vasco quer retomar carreira de técnico após pandemia

Após lançamento de Mauro Galvão, avançou, driblou o goleiro Zetti, bateu para o fundo do gol e correu para o abraço, no estádio Maracanã, que recebia mais de 80 mil pessoas. Assim, o atacante Zezinho se tornou um dos heróis do Vasco na conquista do Torneio Rio-São Paulo de 1999, sobre o Santos. Aposentado desde 2011, ele aguarda o fim dos efeitos da pandemia de coronavírus para tentar retomar a caminhada como técnico.

Zezinho, atualmente, mora em sua terra natal Macaúba, na Bahia, e comanda uma escolinha de futebol, além de atuar na seleção brasileira de master. No currículo, passagens por clubes como Internacional, Atlético-MG, Náutico, Ceará e Beira-Mar, de Portugal. Mas, segundo ele, o Cruz-Maltino tem reservado um espaço especial nesta trajetória.

O atacante, que começou no Madureira, chegou a São Januário em 1999, depois de defender o América de Natal. Tornou-se um jogador bastante utilizado pelo técnico Antônio Lopes, se consagrando na Torneio Rio-São Paulo, quando marcou um gol no primeiro jogo da decisão – o terceiro do Gigante da Colina. No Maracanã, vitória do Vasco sobre o Peixe por 3 a 1. Depois, no Morumbi, novo triunfo dos cariocas, desta vez por 2 a 1.

“Tinha jogado no Madureira, fiz um bom campeonato e fui para o América de Natal jogar o Brasileiro. Fiz um grande jogo contra o Vasco e acabaram me contratando. O Vasco ganhou esse jogo por 3 a 2, mas eu fiz dois, um de falta e um de cabeça. Acabei sendo contratado e foi onde começou toda a minha história no Vasco. Fui bem no Rio-São Paulo, fiz um bom torneio e esse gol na final. Depois, acabei emprestado ao Internacional”, lembra ele.

No segundo semestre de 99, com as chegadas de Viola e Edmundo, Zezinho acabou emprestado e desembarcou no Beira-Rio. Em 2000, começou o ano emprestado ao Náutico, mas voltou à Colina após o meio do ano e pôde realizar um dos sonhos que tinha.

“Fui bem no Náutico, artilheiro da Copa do Nordeste e do Pernambucano. Foi quando o Vasco me pegou de volta e me juntei a Romário, Viola e Euller. Isaias Tinoco [então diretor de futebol] me ligou e disse: ‘Olha, tem o Romário, Viola e Euller. Viola como opção a Romário, e você ao Euller’. Tinham duas coisas que eu queria muito e consegui as duas no Vasco. Uma era conhecer o Romário, não era nem jogar, era conhecer. E acabei jogando com ele. Quando voltei, fomos para um jogo na Fonte Nova e o Euller, se não me engano, estava machucado. Quando entrei em campo e vi o cara ali do lado, as pernas até temiam (risos)”.

“A outra era estar em uma roda de viola com Zezé di Camargo. Eu, Guilherme [ex-atacante] e Vagner [ex-meia] fomos a um show deles [da dupla com o irmão Luciano] no Canecão e visitamos o camarim antes. Olha, foi uma emoção grande. Se morresse ali, já estava feliz (risos). As músicas deles, do Leandro e Leonardo… Me marcaram muito. Também deu tremedeira, coisa de criança mesmo quando vi eles ali”, completou.

Dica de Romário para Dunga

Quando chegou ao Internacional, Dunga, ídolo colorado, já sabia o perfil do reforço. E quem passou as informações foi justamente Romário, de quem Dunga tinha sido companheiro na conquista do tetracampeonato, na Copa do Mundo de 1994.

“Quando cheguei ao Internacional, o Dunga veio falar comigo. Ele [Romário], que estava no Flamengo na época, já tinha falado com o Dunga. Eu estava chegando para substituir o Christian. O Dunga foi me receber no vestiário e falou: ‘E aí, Zé? Conheceu o Romário lá no Rio?”. Eu falei que queria ter ficado mais tempo no Rio para conhecer e ele respondeu: “Não precisa, não. Ele te conhece e passou boas informações”. Quando retornei ao Vasco, ele [Romário] me deus boas-vindas, me deixou à vontade.”

Pensa em retomar carreira de treinador

Depois de pendurar as chuteiras em 2011, quando estava no Crateús, do Ceará, Zezinho se arriscou como treinador e tem passagens por alguns clubes, como Amadense (Sergipe) e o América (Pernambuco). Há dois anos, porém, com a perda do pai, deixou a trajetória à beira do gramado de lado, mas pensa em retomar após a pandemia.

“Eu treinei alguns clubes, mas dei uma parada depois do falecimento do meu coroa, há uns dois anos, mais ou menos. Eu era muito apegado a ele. Agora, estamos esperando essa turbulência que estamos passando para voltar a buscar novas oportunidades como técnico.”

Torcida por Ramon

Na passagem pelo Vasco, Zezinho foi companheiro de Ramon, hoje técnico do time de São Januário. O ex-atacante acredita que o treinador possa ter sucesso à beira do gramado, lembrando também se tratar de alguém que tem o carinho da torcida.

“Jogamos juntos e ele me deu maior força. Tinha alguns que a gente via que podiam ser treinadores, como o Jorginho, Juninho Pernambucano. O Ramon, eu não imaginava porque ele era um cara mais sossegado (risos). Mas com a capacidade que ele tem e inteligência, acho que ele vai fazer um bom trabalho. Além de ter o carinho da torcida e respeito da diretoria. Pelo cara que ele foi, dentro e fora de campo, acho que pode ter boa sequência”

Ajuda na pandemia e críticas a Bolsonaro

Durante a pandemia, Zezinho tem participado de alguns movimentos para arrecadar cestas básicas destinadas a famílias da região de Macaúba. Ao falar sobre a situação, o ex-jogador também fez críticas a recentes condutas do presidente da República, Jair Bolsonaro, em relação ao coronavírus.

“Estamos vendo uma tragédia, estão morrendo mil pessoas por dia. E isso [pandemia] afeta muita gente, principalmente da classe baixa. São pessoas que não têm condições de ir às ruas para ganhar o sustento. Eu e uns amigos tentamos ajudar de alguma forma.”

“Não sou de falar de política, mas nós temos um presidente… Estamos há não sei quanto tempo sem um ministro da saúde. Os dois que estavam [Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich] , ao invés do presidente se juntar a eles, faz aquilo. Aí, vai para rua sem máscara, sem nada, sai para saudar o público, pega na mão de todo mundo. Vem falar que quem não quer cloroquina, toma Tubaina. Ao invés de ajudar, ele faz é piorar mais as coisas. Mas enfim…”

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