Candidatos a presidente do Vasco e personagens da atual rotina política falam sobre a AGE marcada para o fim do mês

Um comunicado do presidente da Assembleia Geral do Vasco, no final de julho, mexeu com a já (e sempre) agitada política do clube. Na ocasião, Faues Mussa indicou que a votação dos sócios na Assembleia Geral Extraordinária (AGE) do dia 25 deste mês vai se dar em pontos separados: a aprovação ou não da reforma do estatuto e a aprovação ou não das eleições diretas. Há quem entenda que isso não pode ocorrer. O LANCE! procurou atores políticos atuais do clube para saber como eles vão agir na AGE.

Mussa ainda terá que convocar oficialmente, até este sábado, os associados do Cruz-Maltino para a assembleia do final do mês. Ao L!, ele preferiu não se pronunciar sobre o tema, por enquanto. Aos demais, a reportagem fez as seguintes perguntas:

a) Como você entende o comunicado de votação em pontos separados da reforma e das eleições diretas do Vasco?

b) – Como indica o voto sobre a reforma do estatuto e por quê?

A maioria dos questionados respondeu. Cada um à sua maneira. Confira:

Luis Manuel Fernandes, candidato a presidente do Vasco:
a) “Pelo Artigo 74 do Estatuto vigente no Vasco, a Assembleia Geral dos sócios só pode reformar ou alterar o Estatuto do clube por proposta do Conselho Deliberativo. O CD não aprovou a adoção das eleições diretas nos marcos do atual Estatuto. Aprovou, por unanimidade, a inclusão das eleições diretas na proposta de novo Estatuto a ser submetido à Assembleia Geral. A proposta de inclusão das eleições diretas como ponto separado da Reforma do Estatuto na AGE não obteve o número de assinaturas exigido pelo Código Civil. Assim, só cabe convocar a Assembleia Geral tendo como ponto único de pauta a proposta de Reforma do Estatuto que inclui a realização de eleições diretas para Presidente já em 2020.”

b) “Recomendo fortemente a aprovação da proposta de novo Estatuto. O Estatuto atual foi elaborado há 41 anos, em pleno período do governo militar. Está obsoleto. A reforma proposta – fruto de uma ampla discussão e de uma ampla convergência de opiniões no clube – contém avanços fundamentais, como a adoção de eleições diretas para Presidente, a introdução de mecanismos de controle e punição de maus dirigentes (o capítulo sobre gestão temerária), a possibilidade de constituir e integrar sociedades acionárias para gerir atividades do clube (como o Clube Empresa), o uso de urnas eletrônicas nos processos eleitorais, a transformação sem ônus de Sócios Gerais em Sócios Proprietários, entre tantos outros. A aprovação da Reforma não congela o Estatuto. Podemos continuar propondo e aprovando novas alterações para melhorá-lo. Mas não há dúvida que o novo Estatuto proposto é muito superior ao atual. Não há como modernizar o clube com base em um Estatuto ultrapassado.”

Augusto Ariston, candidato a presidente do Vasco:
a) “Entendo que não está sendo feito de boa fé, é casuísmo.”

b) “O Estatuto moderniza a vida do clube. Entre essas mexidas estão a criminalização dos dirigentes, e não querem mexer nisso. Modificar para melhorar, têm o meu apoio. Se for para casuísmo, não. Deveria ter apresentação de currículo para ser candidato a dirigente do clube. As modificações já estão aprovadas no Estatuto, vamos proibir agiotas na diretoria e não pode ser dirigente aquele que processa o clube. Essas modificações deverão acontecer no Estatuto já na nova direção. Porque essa lei que moderniza o clube não pode ser uma brincadeira. Tem que ter um caráter mais permanente.”

Jorge Salgado, candidato a presidente do Vasco:
a) “Nós somos inteiramente a favor das diretas. Acreditamos que a votação separada não atrela as diretas à reforma do estatuto e dá condições ao sócio de escolher o que deseja. São itens diferentes, portanto, devem ser votados separadamente.”

b) “Quanto à proposta de reforma do Estatuto, somos contra a aprovação pela maneira como ela foi conduzida. É uma proposta que contém vícios que contrariam o Estatuto. Nós entendemos que o ideal é discutir uma reforma de estatuto no ano que vem, e não no final de um mandato. Abrir uma discussão sobre reforma do estatuto no início de uma gestão dá muito mais legitimidade.”

A resposta à segunda pergunta resume nota oficial da chapa Mais Vasco, que Salgado representará.

Luiz Roberto Leven Siano, candidato a presidente do Vasco:
a) “Analisando a ata notarial da votação da redação final do Conselho Deliberativo, está evidente que restou decidido que seja levada à AGE a proposta da reforma na sua integralidade e não somente um dos pontos, de acordo com o artigo 74, inciso I. Até porque as diretas integram a reforma do Estatuto e sendo ela, que é ótima para o clube, aprovada na AGE, perde o objeto discussão isolada sobre diretas. Encaminhamento distinto fere a decisão unânime de um poder do clube e a institucionalidade e a harmonia dos poderes, gerando possibilidade de novos litígios e agravando a instabilidade política do clube.

O Vasco precisa de reforma estruturante e ampla. Alterar apenas o capítulo da eleição, mantendo-nos com um estatuto obsoleto de uma época em não existiam DVD e pen drive, e que, em toda eleição, permite problemas das mais variadas ordens, não resolverá o problema. Qualquer coisa fora disso dará margem à judicialização, comprometendo com isso o grande interesse da torcida do Vasco nas eleições diretas”.

b) “A reforma do Estatuto avança positivamente em questões essenciais para se permitir uma gestão mais descentralizada, democrática, transparente, ética, ágil e íntegra. Institucionaliza o colégio Vasco da Gama e torna estatutária a luta contra todo tipo de preconceito. Estabelece previsão de constituição e participação em empresas e cria vice-presidências de TI (tecnologia da Informação) e planejamento estratégico, hoje essenciais para uma gestão moderna. Limita os poderes do presidente – inclusive em fechar certos acordos que avancem mais de 1 ano além do seu mandato -, despolitiza o Conselho Fiscal e estabelece responsabilidades para os dirigentes do clube, além de exigir que os candidatos tenham ficha limpa na sua vida pessoal e empresarial.

Como ser contra essa reforma? É claro que há mais questões a serem estabelecidas, mas, sem dúvida, é um avanço importante e estratégico para o clube poder passar a ser gerido com muito mais eficiência e transparência”.

Fred Lopes, outro candidato a presidente, optou por nota oficial já conhecida para responder às duas questões:
“O Grupo Avante Gigante é a favor que a eleição direta seja votada de maneira separada da reforma do estatuto. Aproveitamos para reafirmar o apoio as diretas, inclusive reforçando o posicionamento de não participar da eleição caso não seja feita dessa forma. Sobre a reforma do estatuto, a posição se mantém de acordo com as votações nas reuniões do Conselho. Somos favoráveis, mas com ressalvas em alguns pontos.”

Nelson Medrado Dias, candidato a presidente do Vasco, foi mais um a unificar as respostas:
“Infelizmente, o nosso Vasco está cheio de pessoas que não pensam no Vasco. O exemplo disso é esse bate-boca entre Monteiro, Campello e o Mussa.
Os dois primeiros são pessoas nefastas ao Vasco é só pensam nos seus interesses, contrários ao Vasco. Eles têm que ser alijados da política do Vasco é só depende dos associados íntegros, que são contrários a essa politicagem baixa. Quanto à reforma do Estatuto, ela foi aprovada por unanimidade pelo Conselho, então essa encalhada não leva a nada. Bom ou ruim, é o que temos. E por isso deve ser levada à Assembleia Geram para aprovação dos sócios votantes. O presidente da AG é o Mussa, e é ele que manda. Vamos respeitar o Vasco e seus sócios. O Sr. Campello e o Sr. Monteiro são farinha do mesmo saco.”

Julio Brant, provável candidato da chapa Sempre Vasco, optou por não se manifestar enquanto a candidatura não for confirmada.

Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo, foi outro a unificar as respostas ao questionamento do LANCE!:
“O encaminhamento, pelo o que foi decidido no Conselho e está na ata notarial da votação da redação final do Estatuto, é que seja levada a proposta da reforma, na sua integralidade e de forma exclusiva, conforme artigo 74, inciso I do Estatuto. Não pode haver interpretação do que foi encaminhado do Conselho Deliberativo para a Assembleia Geral. Do contrário, haverá judicialização, só ajudará a dar instabilidade e, com isso, o grande interesse da torcida do Vasco nas eleições diretas tende a sofrer retrocesso.”

Silvio Godoi, presidente do Conselho de Beneméritos:
a) “O comunicado da convocação foi um equívoco, posto que foi divulgado como convocação e marcada data para AGE dia 25.08.20. A AGE só pode ser convocada com dez dias de antecedência, aliado ao fato de que entendo não ser possível a liberação de assembleias pelas autoridades competentes nesse momento. Ademais, a convocação deve conter somente o item ‘Reforma do Estatuto’, que contempla a eleição direta. Com o devido respeito, chamar de NRH (Nova Resposta Histórica) um mero abaixo assinado é desconhecer a história do Vasco. Não bastasse isso, ninguém conhece a lista dos sócios, por não ter sido dado entrada dela na secretaria do clube, além de que não ter sido cumprida a exigência legal de 20% do estabelecido no Código Civil, como também não foi verificada a condição dos sócios no que pertine às obrigações estatutárias, como pagamento da mensalidade, verificação quanto ao tempo de associado, assinatura e outros. Por esta razão, não há que se falar em Resposta Histórica. O Conselho Deliberativo, como órgão representante dos sócios, definiu e aprovou, por ampla maioria, a reforma do Estatuto, contemplando as eleições diretas. A reforma trouxe importantes avanços, como responsabilidade dos gestores e governança entre tantas alterações, adequando-o à legislação vigente. A convocação deve ser feita somente para a reforma do Estatuto.”

b) “Pelas razões acima indico SIM para a reforma do Estatuto.”

Alexandre Campello, atual presidente do Vasco, e que ainda não definiu se será ou não postulante a um segundo mandato, respondeu aos questionamentos com uma nota única:
“Discordo de muitos pontos do novo Estatuto. Acredito, inclusive, que o melhor era essa reforma ser discutida com um Conselho Deliberativo menos fragmentado. Mas, se for preciso aprovar o Estatuto para aprovar as eleições diretas, sou a favor.”

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