Site lista o que Alexandre Campello cumpriu, descumpriu ou deixou encaminhado no Vasco

Presidente do Vasco da Gama no triênio 2018-19-20, Alexandre Campello tentará se reeleger nas eleições marcadas para o próximo dia 7 de novembro. Em três anos, o médico ortopedista de 60 anos encabeçou uma gestão que iniciou e vai terminar com ruptura política e disputa de poder.

O ge foi atrás de entrevistas antigas, frases e objetivos traçados – no programa de governo da então chapa “Frente Vasco Livre”, que tinha base política na Identidade Vasco, do (hoje) desafeto Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo do clube – por Campello desde a época de sua campanha em 2017 para levantar as principais promessas e saber se elas foram cumpridas, se não foram ou se presidente as deixou encaminhadas. Elas foram divididas da seguinte maneira:

– Promessa Cumprida: quando o presidente honrou o que prometeu;

– Quase Lá: quando muito já foi feito, mas ainda precisa de algo a mais;

– No Caminho: quando o presidente está na metade da promessa;

– Ainda Falta: quando a promessa ainda está muito no início para ser cumprida;

– Até Agora, Nada: quando não houve movimentação, mas ainda há tempo;

– Promessa Quebrada: quando nitidamente não conseguirá (ou não conseguiu) cumprir o que prometeu.

Além disso, o ge entrevistou o presidente do Vasco nesta segunda-feira (26/10) e o confrontou sobre todas as promessas. As respostas estão logo abaixo.

Confira o Promessômetro de Alexandre Campello:

QUADRO SOCIAL

O que Campello prometeu?

Plano de governo – “Lançar novo Programa de Sócios: o intuito é aumentar a arrecadação e explorar as características de torcida nacional do Vasco”. PROMESSA CUMPRIDA!

O que aconteceu?

No início de sua gestão, o Vasco tinha aproximadamente 17 mil sócios em seu quadro – segundo Campello, somente 7 mil deles eram adimplentes. No ano passado, aproveitando-se da época do Black Friday, o clube lançou uma promoção de adesão que levou o Vasco a mais de 185 mil sócios, transformando-se no maior quadro de sócios do Brasil e o quinto maior do mundo. A arrecadação com área social saltou de R$ 12 milhões para R$ 36 milhões. Com o fim do preço promocional e a crise ocasionada pela pandemia, o clube tem atualmente 113 mil sócios, de acordo com o contador de seu site oficial. Cerca de 100 mil renovaram o plano, desta vez sem promoção.

O que Campello disse?

– Quando assumimos a gente tinha um estudo sobre o que fazer com o programa de sócios. Encontramos algumas dificuldades. A TI do Vasco era deficiente. A empresa que geria o programa de sócios era ruim, era fraca. Não atendia às nossas expectativas. E o programa precisaria ser refeito. Então, começamos e, por isso, demorou a ser colocado em prática. Primeiro criamos a infraestrutura, inclusive com reforma da secretaria e da parte de TI do clube. Refizemos o programa e fomos atrás de um parceiro melhor na operação. Feito isso, começamos a trabalhar. Abrimos a anistia, fizemos o recadastramento e assim foi. O programa, então, começou a crescer. Quando lançamos a Black Friday, antes do boom dos 150 mil, a gente já tinha 34 mil sócios. Quer dizer, a gente já tinha tido resultado importante antes mesmo da promoção. Ela foi a explosão, com a entrada de 150 mil novos sócios em menos de dois meses.

– Obviamente, agora, com a pandemia, foi natural haver uma queda. Os contratos são semestrais ou anuais. Então, vencia a maior parte agora pois eram semestrais. Então, fizemos uma nova campanha e tivemos mais de 100 mil renovações. Foi, de fato, um sucesso.

FINANÇAS

O que Campello prometeu?

Plano de governo – “Renegociação das dívidas e aumento da arrecadação: objetivo é reduzir os juros das dívidas, alongar os prazos e obter perdão parcial de alguns débitos. Recuperando a credibilidade e a transparência, o clube pode criar novas fontes de receita”. NO CAMINHO.

O que aconteceu?

A gestão de Campello não foi o maior exemplo no que diz respeito a saúde financeira, mas esteve longe de ser um desastre. O presidente pegou o Vasco com R$ 675 milhões em dívidas e R$ 188 milhões em faturamento (números de 2017). No primeiro ano, reduziu o endividamento para R$ 582 milhões e aumentou o faturamento para R$ 243 milhões (impulsionado pela venda de Paulinho para o Bayer Leverkusen). Em 2019, essa recuperação foi interrompida (dívida de R$ 645 milhões e faturamento de R$ 208 milhões) principalmente porque o clube quase não fez caixa com vendas de jogadores – confira a análise de Rodrigo Capelo sobre as finanças do Vasco. No primeiro semestre deste ano, já com a pandemia, o Vasco foi o único clube dentre os que divulgaram balancetes que não aumentou suas dívidas. O dado é lembrado por Campello para defender a gestão.

O que Campello disse?

– Quando se fala em reestruturação da dívida, ninguém nunca disse que ia pagar os R$ 680 milhões em três anos. Isso é impossível. Todo o caminho que a gente prometeu percorrer está sendo percorrido. Primeiro: o reconhecimento da dívida. Nem isso se tinha, não se sabia exatamente qual era a dívida do Vasco. No primeiro ano, fizemos isso. Começamos a negociá-las, mas é um número muito alto de credores. Conseguimos um novo Ato Trabalhista, que organizou toda a dívida trabalhista no longo prazo. Isso também é empurrar dívida de curto para o longo prazo. No final de 2019, nós conseguimos organizar mais de R$ 45 milhões de dívidas que estavam batendo nos recebíveis da Globo. Reduzimos em R$ 15 milhões, ou seja, conseguimos deságio de parte da dívida. Tudo isso que a gente prometeu está sendo feito.

– Agora, ao longo do tempo, seja qual for o projeto, ele precisa de ajuste. Uma correção de rumo é natural. Não vai dar tudo 100% certo como se imagina. A venda de ativos é muito importante nas receitas do clube. Quando você diz que em 2018 tivemos R$ 243 milhões de faturamento, aqui teve a venda do Paulinho. Nos anos anteriores, foram R$ 200 milhões. Nos anos de 2017 e 2016, se você tirar a venda de ativos, isso talvez cairia para R$ 160 milhões. Em 2019, tivemos R$ 215 milhões. Se tirar a venda de ativos (atletas), dá R$ 200 milhões. Então, houve aumento nas receitas. Agora, faltou a venda do ativo.

– Isso impediu a nossa recuperação? Não. Atrapalhou? Sim. Mas nós continuamos nesse processo. Neste ano, criamos o pool de credores e os estamos colocando nesse grupo e pagando as dívidas. Isso transforma a dívida de curto prazo em longo prazo. Isso tudo está em curso, sim, houve diminuição da dívida e, além disso, houve organização da dívida. No primeiro ano, a gente tinha penhora toda hora no caixa do Vasco. Hoje isso até acontece, mas é eventualmente. Pois os credores foram tratados e deixam de penhorar as receitas.

CENTRO DE TREINAMENTO

O que Campello prometeu?

Plano de governo – “Viabilizar centro de treinamento: trata-se de uma ação extremamente necessária para melhorar o desempenho na formação dos jogadores e na preparação do futebol profissional”. QUASE LÁ!

O que aconteceu?

Combinado à negociação política e campanha de financiamento por parte dos torcedores, o projeto do centro de treinamento, no bairro de Jacarepaguá, saiu do papel. Os jogadores fizeram o primeiro treino no novo CT do Almirante na última sexta-feira. O plano ainda prevê outros campos e a construção de diversas outras instalações, mas ao menos o clube agora tem onde treinar e não precisa investir em aluguel. O clube também retomou obras do terreno de Duque de Caxias. Na agenda próxima da eleição, é provável que Campello ainda faça evento para este CT, que vai abrigar a base.

O que Campello disse?

– Eu entreguei o CT. Se a gente quiser ficar com ele como está, temos um CT que atende perfeitamente o futebol. Queremos mais do que isso. Queremos um CT ainda mais amplo e que comporte a base e o profissional. Eu entendo que a minha missão foi cumprida. Para a próxima gestão, eu pretendo ampliar o CT e entregar a segunda etapa.

RESULTADOS DO FUTEBOL

O que Campello prometeu?

13/10/17 – “O vascaíno voltará a sentir o gostinho das conquistas. Vamos conquistar títulos e recuperar o orgulho de torcer pelo Vasco da Gama”. PROMESSA QUEBRADA!

O que aconteceu?

A única conquista da gestão foi a Taça Guanabara em 2019. O Vasco foi eliminado na fase de grupos da Libertadores em 2018 e caiu na segunda fase da Sul-Americana do mesmo ano. Eliminado nas oitavas de final da Copa do Brasil em 2018 e na quarta fase em 2019 e 2020. Já no Brasileirão, foi 16º no Brasileiro de 2018, 12º em 2019 e está atualmente na zona de rebaixamento: 17º, com 18 pontos – com dois jogos a menos e depois de liderar a tabela, por uma rodada, no início da competição.

O que Campello disse?

– Eu prometi um futebol mais competitivo, de fato. Ao longo do tempo a gente vem melhorando o time. Eu falei muitas vezes que a proposta era de não cair no primeiro ano, porque já assumimos com uma equipe montada. No segundo ano, brigaríamos no meio da tabela. E no terceiro era para brigar mais acima da tabela no Brasileiro. Quando disse (recentemente) que o vascaíno estava alegre, feliz, é porque existia uma onda de boas notícias. Como, por exemplo, o CT, a vinda da Kappa, a reforma de São Januário, o time naquele momento estava entre os quatro primeiros colocados. Naquele momento, de fato, o torcedor vascaíno estava feliz

– Nós passamos recentemente por um momento bastante adverso, a equipe caiu bastante de rendimento. Nós temos um elenco reduzido, não é um elenco com número muito grande de opções. Enfrentamos problemas de Covid-19, de contusão, então de fato não caminhamos bem e caímos no campeonato. Mas temos pela frente ainda 20 e tantas rodadas, e eu tenho certeza que vamos subir na tabela. Acho que estamos trilhando rigorosamente o caminho que eu prometi.

TRANSPARÊNCIA

O que Campello prometeu?

Plano de governo – “Apresentar relatórios financeiros periódicos: ato que visará demonstrar a Governança e maior respeito aos sócios e sociedade, possibilitando a integração dos mesmos com a decisões que estão sendo tomadas”. PROMESSA CUMPRIDA!

O que aconteceu?

Disponíveis no site oficial do clube, os relatórios passaram a ser divulgados a partir do primeiro trimestre de 2019. Por outro lado, é necessário recordar que o primeiro ano da gestão Campello teve contas reprovadas no Conselho Deliberativo – 98 x 88 votos. O presidente alega movimento político.

O que Campello disse?

– Estou plenamente satisfeito. A nossa transparência acontece não só com a publicação das demonstrações financeiras. Publicamos o orçamento. A gente foi considerado o quarto clube mais transparente, mas poderíamos ter sido o primeiro se não fosse um problema técnico no site para subir o orçamento, que já tinha sido aprovado em Conselho. Era só estar no site.

– Mais do que isso, o Vasco fez o recadastramento dos sócios. Isso era uma questão nebulosa. Passamos a publicar mensalmente, há mais de um ano, todo o quadro de sócios do clube no nosso site. Isso é uma baita demonstração de transparência. Acho que essas são promessas cumpridas.

MUSEU DO VASCO

O que Campello prometeu?

Plano de governo – “Construção de um museu: um dos objetivos será valorizar a história vascaína construindo o Museu do Vasco da Gama, financiado 100% através de leis de incentivo à cultura e a leis de incentivo audiovisual”. ATÉ AGORA, NADA!

O que aconteceu?

Pouquíssimo se falou sobre esse projeto durante a gestão de Campello. Somente em agosto deste ano, no evento de divulgação da parceria para reforma de São Januário, o presidente afirmou que o museu será incluído nas obras do estádio. Mas não deu mais detalhes.

O que disse Campello?

– Dentro do projeto de reforma e ampliação de São Januário, a gente entendeu que era mais inteligente jogar isso dentro da obra de ampliação. Precisa estar em harmonia. Não adiantaria eu fazer um museu e, depois com a reforma, colocar abaixo e gastar duas vezes no mesmo projeto. Essa promessa está em andamento, dentro da obra de ampliação e modernização de São Januário. Está caminhando.

SÃO JANUÁRIO

O que Campello prometeu?

Plano de governo – “Serão desenvolvidas propostas para tornar São Januário um estádio moderno, acessível e ambientalmente sustentável. Vamos ampliar as áreas de serviços (restaurantes e lojas), que propiciem melhor experiência ao torcedor e receitas contínuas fora dos horários dos jogos. Ampliação, também, do estacionamento”. AINDA FALTA!

O que aconteceu?

Ainda em outubro do ano passado, o Vasco preparou um projeto bastante completo para a reforma de São Januário, que englobava obras nos camarotes, arquibancadas e área externa. Apresentou esse projeto num evento na antiga Bolsa de Valores, no Centro do Rio. Na ocasião, o plano seria entregar o estádio até 2027, com diversas etapas das obras.

Já no dia 21 de agosto deste ano, aniversário do clube, o clube assinou – ao vivo, em transmissão da Vasco TV – um memorando de entendimento com a WTorre, empresa que seria responsável pela reforma. Nos últimos dias, o clube divulgou, inclusive, uma maquete do que seria a nova arena.

O que Campello disse?

– A ideia era fazer isso até 2027, mas quando começamos a trabalhar no projeto observamos que poderia ser feito muito mais rápido. Então, através da captação de recursos com investidores. Isso foi feito. Nós, diferentemente de todos que prometeram a ampliação de São Januário, iniciamos o processo. Ele está muito próximo de ser realizado. Estou no clube há 35 anos e já vi vários projetos que nunca saíram do computador. O nosso, não. Saiu, está caminhando. O entendimento com a WTorre está avançadíssimo. De forma, que estamos perto de assinar um contrato definitivo.

DEMAIS ESPORTES

O que Campello prometeu?

Plano de governo – “Vamos apoiar os demais esportes, principalmente remo, basquete e atletismo. Num primeiro momento, esses esportes estarão incluídos no orçamento do clube”. PROMESSA QUEBRADA!

O que aconteceu?

Dos três esportes citados pelo presidente, somente o remo vem apresentando alguns resultados. O atletismo do Vasco luta para não fechar as portas, enquanto o projeto do basquete foi oficialmente encerrado em julho do ano passado. As modalidades não receberam o orçamento que foi prometido.

O que disse Campello?

– Acho que esse foi um dos pontos que não conseguimos avançar. Tivemos de dar um passo atrás. Quando se faz um projeto de gestão de um clube do tamanho do Vasco e com a magnitude dos nossos problemas, algumas vezes é preciso fazer correções. Neste aspecto, tivemos maior dificuldade nos esportes amadores. Por conta de trabalhar a solução do endividamento do clube, demos um passo atrás. Não tínhamos CND, o que inviabilizou a captação de recursos.

– O basquete representava um gasto elevado e, no momento de muita dificuldade, demos um passo atrás. Ficamos com a escolinha para voltar a investir em momento oportuno. Hoje criamos caminhos para que isso seja colocado de pé, através das leis de incentivo. Estamos formulando os projetos para captar. Há a possibilidade de voltar com esses esportes no próximo ano. Mas, de fato, a gestão não caminhou como gostaria.

SALÁRIOS

O que Campello prometeu?

22/01/2018 – “Queremos colocar o salário em dia. O que garantimos é que o planejamento será feito, estamos tomando providências para regularizar essa situação”. PROMESSA QUEBRADA!

O que aconteceu?

Atrasos nos pagamentos de salários continuaram acontecendo com frequência na gestão de Campello. O Vasco no momento, por exemplo, deve o pagamento integral de setembro aos jogadores e o de agosto e setembro aos seus funcionários.

O que Campello disse?

– Acho que houve avanço, especialmente se lembrarmos que estamos na pandemia. Várias receitas foram suspensas. Assumimos o clube com quatro meses de salário atrasado e oito a 10 meses de direito de imagem em atraso. Chegar agora, na pandemia, com apenas um mês de salário atrasado e dois para os funcionários… Acho que é uma conquista. Claro que não estamos satisfeitos, isso é ruim. Mas acho que os atletas e os funcionários entendem o esforço da gestão.

– O salário de ninguém foi reduzido. Eu diria que se não fosse a pandemia a gente estaria com os salários absolutamente em dia. Tivemos várias receitas jogadas para o próximo ano. Entendo que o esforço e o resultado são louváveis. Pagamos 37 salários em 33 meses. Não fosse o atraso anterior, eu estaria aí com dois meses para frente. Sim, estou com salário atrasado. Mas é menos do que quando assumi. E acho que é um atraso perfeitamente admissível para um período de pandemia, com grande parte dos recebíveis empurrados para frente.

Certidões Negativas de Débito

O que Campello prometeu?

18/01/19 – “Agora em janeiro, devemos resolver essa questão (obter a CND)”. PROMESSA QUEBRADA!

O que aconteceu?

Faltando menos de dois meses para o fim da gestão, o Vasco ainda não obteve as Certidões Negativas de Débito.

O que Campello disse?

– Em determinando momento, ficamos próximos de conseguir. Eu paguei tudo que tinha ficado para trás. Quando fomos na Receita para dar entrada no pedido, ao fazer o cruzamento dos dados, eles levantaram uma série de débitos que não eram conhecidos pois foram pagamentos feitos a menor. Ou seja, pagou-se guias com valor menor do que se deveria. O que se imaginava estar em dia, na realidade, não estava.

– Preciso dizer que isso não foi da minha gestão. Era lá de trás. Não tinha como imaginar isso. Só tivemos essa informação na hora de pegar a CND. Isso inviabilizou a conquista dela. Trabalhamos para acreditar que a gente vai resolver.

NEPOTISMO

O que Campello prometeu?

Plano de governo – “O Vasco precisa de um projeto sério para caminhar livre de amarras, truculência, incompetência e nepotismo […] A imagem do Vasco vem sendo extremamente depreciada nos últimos anos por uma série de notícias desabonadoras, como briga com patrocinadores; nepotismo; entre outros pontos”. PROMESSA QUEBRADA!

O que aconteceu?

Filho de Alexandre Campello, Eduardo Campello exerce a função de Diretor Jurídico do Vasco.

O que Campello disse?

– Meu filho é simplesmente um advogado que oferece serviços dele para o clube. Ele é um sócio elegível que ajuda o jurídico. Só isso. Ele não tem nenhuma função de vice-presidente, não é contratado do clube, não mexe com finanças, não tem nenhuma posição no clube de tomada de decisão. Ele pura e simplesmente auxilia o clube em questões jurídicas, só isso. Ele é diretor jurídico. Qualquer um que contribua para o clube como amador a gente coloca num cargo de diretor, então ele é um diretor jurídico que ajuda o clube intelectualmente somente. Diferente do que acontecia anteriormente. Há uma diferença significativa entre você prestar uma consultoria, orientando alguma coisa juridicamente, e tomadas de decisão e emprego.

GESTÃO DO FUTEBOL

O que Campello prometeu?

Projeto de governo – “As principais decisões do futebol serão rigorosamente controladas por um colegiado a ser formado, proporcionando maior transparência e qualidades nas principais negociações do Vasco”. NO CAMINHO.

O que aconteceu?

Inicialmente, o vice-presidente era Fred Lopes, com dois gestores – Paulo Pelaipe e Newton Drumond. Com a saída de Lopes e da base política da Identidade Vasco, Campello assumiu a VP e montou um comitê formado pelo vice-presidente jurídico Rogério Peres, o VP de finanças João Marcos Amorim, o VP de marketing Bruno Maia, o VP de gestão estratégica Paulo Ganime e o gestor do futebol Alexandre Faria. Mas durou pouco. Campello foi o VP de futebol entre maio de 2018 e março de 2020, quando José Luis Moreira voltou ao clube e foi nomeado para a função.

O que Campello disse?

– As decisões sempre foram discutidas. Houve um momento de fato em que a gente tentou criar um comitê, mas naquele tempo eu observei que isso não dava certo. As pessoas se colocavam ali muito mais como torcedores do que com análise mais profunda. E o futebol muitas vezes precisa de decisões rápidas. Eu entendi que esses comitês efetivamente não surtiam o efeito desejado. Mas a falta de um VP absolutamente não foi porque eu gostaria de comandar o futebol, muito pelo contrário: é mais uma atribuição, mais uma coisa para eu cuidar. Eu já tinha algumas pessoas, como por exemplo o (advogado) Bruno Barata, mas ele declinou do convite. Optei por não colocar outros que possivelmente aceitariam muito em função da política do Vasco. A gente sabe que o Vasco tem uma política muito fragmentada, formada por vários grupos. E eu não gostaria de levar a política para dentro do futebol. Talvez se eu colocasse algum VP que participasse de um grupo, isso poderia ser usado politicamente. E eu não queria politizar o futebol

– Depois eu voltei a convidar o Zé Luis, e ele aceitou. Ele hoje é o VP. A gente continua tomando decisões discutindo, discutimos eu, ele, o financeiro, o Mazzuco. As decisões não são tomadas de forma isolada, são sempre discutidas. Então eu acredito que sejam decisões colegiadas.

CATEGORIAS DE BASE

O que Campello prometeu?

Plano de governo – “Intensificar a utilização da base e manter o Certificado de Clube Formador (CCF)”. PROMESSA CUMPRIDA!

O que aconteceu?

Com tradição de formação na base, o departamento seguiu com resultados na gestão Campello, que contratou Carlos Brazil para gerir as divisões de base. Vários jogadores ou surgiram ou ganharam mais espaço nos últimos anos. Casos de Marrony, Talles Magno, Vinícius, Bruno Gomes, Juninho, Miranda, entre outros mais “antigos”, como Ricardo Graça, Marrony, vendido este ano para o Atlético-MG. A categoria sub-20 foi vice-campeã da Copinha em 2018 e chegou às semifinais do Brasileiro no ano passado. O clube deve inaugurar nas próximas semanas um centro de treinamento exclusivo para as categorias de base na cidade de Duque de Caxias. Campello recebeu o CCF da gestão Eurico e o renovou.

O que Campello disse?

– Acho que a base foi uma das áreas em que nós evoluímos muito, a começar pela mudança de filosofia. Muitos nem sabem disso, mas a base do Vasco era dividida. O futsal, que sempre teve uma importância muito grande na formação dos nossos atletas, era administrada pelo departamento de infanto-juvenil, enquanto o campo era administrado pelo departamento de futebol. Eu quebrei essa regra aqui dentro do clube, até com uma resistência grande de alguns num primeiro momento. Eu tirei o futsal do infanto-juvenil e passei para a base porque entendia que deveria existir uma única coordenação. Eu sempre investi bastante na qualificação dos profissionais da base, e isso ao longo do tempo certamente foi trazendo resultados. E mais do que isso: sempre trabalhei junto aos treinadores e coordenadores para que a gente priorizasse a nossa base. Se for para trazer alguém pior que o jogador da base, eu fico com o da base. Se foram jogadores iguais, a gente tem que priorizar aquele que é o nosso jogador. E isso tem acontecido

– O Vasco hoje tem na sua equipe sempre três, quatro, cinco jogadores da base atuando. Chegamos a ter nove. Acho que isso é de fato uma conquista dessa gestão, conseguimos cumprir o que foi prometido. A base é um dos maiores avanços que nós tivemos.

LEGADO DE EURICO

O que Campello prometeu?

20/01/17 – “Não houve acordo com Eurico. Não tem e não terá nenhum membro (da gestão anterior)”. PROMESSA QUEBRADA!

O que aconteceu?

Fazem parte da gestão de Alexandre Campello o VP de Futebol José Luis Moreira, o VP de Patrimônio André Luiz Vieira e o VP de Desportos Terrestes Francisco Villanova. Todos eles são remanescentes do governo de Eurico. Por sinal, Ricardo Vasconcelos, durante anos assessor de Eurico, apoia Campello na disputa da reeleição. O presidente alegou que a frase de 2018 não falava de eventuais cargos, mas de acordo com o ex-presidente, falecido em março de 2019.

O que Campello disse?

– Entenda: no momento em que eu disse isso, eu quis dizer que não existia exigência nenhuma, de fato eu não fiz nenhum acordo com o Eurico. Eu não tinha nenhuma entrega para ser feita. O que eu quis dizer naquele momento é que não houve acordo de ter que alocar alguém. Não teve. Isso não me impede de utilizar as pessoas do Vasco. Vale lembrar que o Zé Luis Moreira foi oposição do Eurico, ele em algum momento esteve com o Eurico, brigou e estava na chapa do Horta (em 2017). Se a gente for eliminar quem já estava com o Eurico, a gente tem que “matar” todo mundo que estava aqui dentro e trazer gente nova. Eu também já estive com o Eurico em um momento. O André foi vice-presidente com o Eurico, mas é uma pessoa super qualificada, trabalhador pra caramba. Por que não utilizar esse know how dele? Só por que em algum momento ele esteve com o Eurico?

– As pessoas falam muito em pacificação, mas elas querem excluir. O Eurico tinha pessoas boas e pessoas ruins ao lado dele. Tanto tem excelentes pessoas que acompanharam o Eurico como tem outras que nem tanto. Até porque o Eurico também fez muitas coisas boas para o clube. Errou aqui ou ali como todos nós erramos, eu discordava de uma série de coisas da gestão dele, mas a gente não pode dizer que tudo que ele fez foi ruim. O que gente não queria era a manutenção daquele quadro, a gente queria mudar o clube. E isso está sendo feito.

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