Coordenador científico do Vasco ressalta importância da pausa de 10 dias na virada do ano

Tradição desde os anos 50 na Premier League, o “Boxing Day” reúne todas as equipes das principais divisões do futebol inglês para um dia único de partidas logo após o Natal. A rodada, que em seus anos iniciais foi disputada no próprio dia 25, atualmente acontece no dia seguinte, quando os britânicos comemoram o feriado homônimo, que data de 1871 e precede a interação com o esporte.

A data, comemorada no Reino Unido, guarda uma coincidência com o esporte. Foi num 26 de dezembro, em 1860, que Sheffield e Hallam, da Inglaterra, se enfrentaram na primeira partida competitiva da história do futebol.

Mesmo no caótico 2020, o dia da “abertura de caixas” será de muita bola rolando. Apesar de terem prestígio entre os fãs, as partidas no feriado não caem nas graças dos treinadores. Pep Guardiola e Jurgen Klopp já fizeram críticas pesadas aos jogos — o alemão chegou a falar em “crime” —, que são parte de um extenuante calendário de fim de ano para as equipes da liga.

Em 2020, por conta das adaptações de calendário decorrentes da pandemia do novo coronavírus, o futebol brasileiro sentirá parcialmente a experiência de um “Boxing Day”: a CBF marcou os jogos da 27ª rodada do Brasileirão para o fim de semana de 26 e 27, respectivamente um e dois dias após o Natal.

No sábado, Flamengo e Fluminense enfrentam Fortaleza e São Paulo, respectivamente. Já no domingo, será a vez de Vasco e Botafogo, que pegam Athletico e Corinthians. Em comum, entre todos, a preocupação com a carga excessiva de partidas em um calendário pouco usual para o país.

Além de um possível cansaço e da dificuldade em conciliar um período de celebrações — em meio a uma pandemia — com partidas, os clubes apontam elementos como a alta temperatura e o calendário apertado — o campeonato vai até fevereiro — como fatores que merecem muita atenção para a preparação nessa reta final de 2020. As precauções passadas aos jogadores para evitar se expor aos riscos de contaminação pela Covid-19 são ponto em comum aos quatro.

— Estabeleceremos cargas de trabalho bem elaboradas e controladas, além de acompanhamento nutricional e fisiológico. O Flamengo é referência em excelência em performance há alguns anos, o que nos dá segurança de que teremos o elenco em totais condições, seja agora, no Natal, ou no fim da temporada, em fevereiro — diz o preparador físico rubro-negro Danilo Augusto.

Réveillon não preocupa

O calendário adaptado inclui também partidas próximas à virada de ano, embora mais espaçadas do que as de dezembro. Flamengo e Fluminense, por exemplo, voltam a campo no dia 6 de janeiro, em clássico no Maracanã. Danilo explica que o réveillon não interferirá na rotina do clube até o fim do campeonato Brasileiro:

— Junto ao nosso nutricionista, passaremos orientações de ingestões apropriadas de nutrientes para a prática das atividades. O mesmo ocorrerá no período do ano novo, pois jogaremos no início de janeiro. Para a gente, será rotina normal. Férias, relaxamento, só em dezembro de 2021.

Coordenador médico do Botafogo, o Dr. Cristiano Cinelli ressalta as altas temperaturas de dezembro no Rio de Janeiro. No mês que marca o início do verão, as tardes cariocas já chegaram à máximas acima dos 30°C, e a tendência é que o calor aumente até janeiro. Apesar de a maioria das partidas deste fim de ano estar marcada para às noites e finais de tarde, o alvinegro, por exemplo, enfrenta o Corinthians às 16h no domingo.

— É diferente por causa do clima. A gente está treinando entre 15h30 e 16h e é um calor absurdo. Nessa altura do campeonato, já estaríamos de férias. O que mais pega é a questão do calor. Os jogadores não estão acostumados, a maioria deles, a não ter férias em dezembro. Temos toda uma combinação com a nutrição em relação à necessidade de alimentos saudáveis, evitar gordura e não se expor muito ao sol, que tem a característica de diminuição de imunidade — explicou, ressaltando, também, a importância de manter o trabalho com o elenco alinhado até fevereiro:

— A gente está tentando fazer com que essa transição para o ano que vem seja menos hostil possível ao organismo e ao desempenho físico dos atletas.

Pausa importante

No Vasco, o coordenador científico Marcos Cézar ressalta a importância da pausa, mesmo que curta, de dez dias entre o fim de dezembro e o início de janeiro. Para ele, este período será importante para a recuperação dos atletas após um calendário lotado de jogos durante as últimas semanas. O profissional explica que a partida próxima ao Natal será encarada como uma disputada em um feriado qualquer aos do restante do ano.

— A gente entende que não vai ser um período que vá gerar uma adaptação negativa no atleta no ponto de vista de perder performance. Muito pelo contrário, se for uma folga bem planejada, ela vai permitir que os atletas se recuperem, não só fisicamente, mas também nos aspectos emocional e mental, para retomar as atividades a partir do primeiro jogo no mês de janeiro.

Os clubes que estão nas semifinais da Copa do Brasil, porém, não terão essa parada. América-MG, Grêmio, Palmeiras e São Paulo jogaram ontem, entram em campo no fim de semana e fazem a partida de volta das semifinais no dia 30.

O Fluminense também manterá sua rotina durante o período. O elenco segue treinando normalmente e receberá orientações da equipe de Nutrição, especialmente para o dia 25. O procedimento é padrão para jogos no Rio, quando não há concentração.

Fonte: O Globo Online

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