Zeca defende psicologia no futebol e elogia profissional do Vasco

Em entrevista ao Jornal O Dia, o lateral agradeceu à psicóloga do clube, Maíra Ruas, comemorou o bom início de temporada em São Januário, falou sobre a reformulação do clube e ressaltou o empenho da diretoria: ‘Promete e cumpre’

O começo de temporada de Zeca pelo Vasco tem sido o melhor possível. Titular absoluto, reconhecimento dos vascaínos e sorriso largo no dia a dia do clube. Quem vê o jogador atualmente nem acredita que ele precisou passar por momentos complicados na vida pessoal há poucos meses, em outubro de 2020, quando teve que conviver com a perda precoce da mãe, Dona Lucimara Neves, vítima de câncer aos 44 anos.

Na ocasião, ele ficou afastado dos gramados e deu suporte à família durante dois meses para tentar fazer com que o pior não acontecesse. Mas aconteceu. Para piorar o cenário, o seu momento já não era dos melhores e teve que encarar críticas de torcedores, mesmo depois de experimentar a dor de perder a mãe.

Ao término da temporada 2020, Zeca decidiu aceitar um novo projeto e fez esforço, inclusive financeiro. Abriu mão de uma parte do que tinha direito a receber do Internacional, rescindiu com o Colorado e assinou contrato com o Vasco, clube que lhe fez sentir algo que não experimentava desde os tempos de Santos.

“Os torcedores do Vasco me fizeram sentir algo que eu não sentia há muito tempo. Eles me fizeram me sentir importante. A sensação que eu tinha no Santos, quando subi para o profissional, abraçado, querido, eu voltei a sentir aqui”, desabafou Zeca em entrevista ao Jornal O Dia.

Mas os vascaínos só dão esse carinho a Zeca porque o jogador tem dado conta do recado desde que estreou pelo clube. Para efeito de comparação, na temporada passada pelo Bahia, o lateral disputou 19 jogos dos 72 possíveis e ficou em campo apenas 984 minutos. Pelo Vasco, em 2021, ele tem dez partidas, mas já são 818 minutos atuados.

Para conseguir um bom desempenho dentro das quatro linhas, Zeca conta com um reforço oculto no clube e do gênero feminino. Trata-se de Maíra Ruas, psicóloga da equipe profissional do Vasco. O Cruzmaltino é um dos poucos clubes brasileiros que conta com um profissional da área na comissão técnica.

“Quando as pessoas olham o jogador indo bem no campo, elas acham que é apenas o que acontece no campo. Não é isso. Tem todo um contexto envolvido antes de você colocar a chuteira, entrar no campo e fazer o seu trabalho. A Maíra (psicóloga do Vasco) tem uma importância muito grande e pouca gente sabe ou até mesmo dá valor. A psicóloga tem que ser valorizada, como o fisioterapeuta é, como o nutricionista é, como o massagista é. O jogador de futebol é ser humano e não robô.”

O suporte de Maíra a Zeca aconteceu logo na chegada do jogador ao clube, nos primeiros treinamentos e perpetua no dia a dia. Em entrevista ao Jornal O Dia, o jogador relatou mais detalhes da sua relação com a psicóloga.

“Ela é uma pessoa que fica a maior parte do tempo observando. Ela observa todos os jogadores a todo momento. Em alguns momentos ela percebe que um jogador está cabisbaixo. Ela chama, conversa e tenta entender o que está acontecendo com esse determinado jogador. Isso é importante para gente. Nós, jogadores, vivemos numa bolha. As pessoas acham que a gente entra no campo e tem que agir como robô. A psicóloga tem que ser valorizada, como o fisioterapeuta é, como o nutricionista é, como o massagista é. O jogador de futebol é ser humano.”

“A Maíra foi muito importante na minha chegada. Conversei muito com ela. Muito mesmo. Às vezes a gente se fecha no nosso mundo, na nossa bolha e acaba não abrindo a cabeça. E algo no passado que te fez ou te faz mal continua te incomodando ou até mesmo afetando o seu rendimento. Tem me ajudado demais. E não só a mim, mas também à minha família. Sou muito grato ao trabalho que a Maíra faz comigo”, finalizou Zeca.

A reportagem falou rapidamente com a Maíra para entender como é trabalhar no dia a dia com Zeca, um jogador que precisou superar a dor de perder a mãe aos 26 anos e ainda manter o nível de excelência na profissão.

“Existem algumas fases de atividades quando o atleta chega para a preparação mental. A primeira é a formação do vínculo de confiança entre atleta e psicólogo. O Zeca, por ser um atleta de alto nível, tudo facilita com relação a preparação mental. É extremamente dedicado porque tem o seu objetivo muito claro e definido que é dar o melhor de si para o Vasco da Gama. A questão da mãe já é conhecida pela mídia, é um processo de elaboração do luto que possuem suas fases.”

OUTROS TRECHOS DA EXCLUSIVA COM ZECA:

Projeto apresentado pelo Vasco:

“Alguns clubes da Série A me procuraram. Mas três fatores me fizeram a aceitar a proposta na hora. A primeira é que o Vasco sempre foi um time gigante, com uma torcida gigante. Os torcedores me fizeram sentir algo que eu não sentia há muito tempo. Eles me fizeram me sentir importante. A segunda foi a conversa que Alexandre Pássaro teve comigo. Tivemos uma conversa longa, mas posso garantir que não foi aspecto financeiro. Pelo contrário. Eu abri mão de muita coisa para rescindir no Internacional e acertar com o Vasco. O papo que o professor Marcelo (Cabo) teve comigo também pesou. Conversei com vários jogadores que trabalharam com ele e me mostraram que eu me encaixaria no perfil dele (Marcelo Cabo).”
Quais clubes da Série A te procuraram?

“A Chapecoense foi um. Outros clubes também, que o meu empresário comentou comigo. Mas não era muito concreto. Quando ele teve a conversa com Pássaro, ele me passou que o negócio era firme. Eu conversei com Rossi (hoje no Bahia e que passou pelo Vasco) e ele me falou muita coisa boa do clube.”

O Vasco vive uma fase de reformulação. Você acha que pode ser um jogador símbolo dessa revolução no clube?

“Vi muita gente dizendo que estamos tentando fazer com que o Vasco volte a ser um clube gigante. Não tem essa de voltar a ser gigante. Esse cube já é gigante. A ideia é voltar a brigar por coisas grandes. Não aceitar o que está sendo vivido e ficar sempre na parte de cima do futebol brasileiro.”

Como é a relação do diretor Alexandre Pássaro com os jogadores?

“É um cara muito sério. Pelo pouco que percebi, ele não vai dar um tiro de contratação para depois se complicar na parte financeira. Pelo contrário. Olha as contratações e são pontuais. E outra, tudo que ele falou foi cumprido. Tudo. O cara promete e cumpre. Isso precisa ser valorizado. Há diferença, pois conversei com algumas pessoas que estavam aqui no ano passado, e a dificuldade era essa, de falar e não cumprir.”

Depois de um longo período, os vascaínos voltaram a ficar em paz com um jogador da lateral esquerda. Você se considera o salvador da pátria nessa posição?

“Fico feliz demais se a torcida do Vasco acha isso. Mas eu vou buscar diariamente para melhorar mais ainda. A ideia é evoluir mais ainda.”

Qual é o objetivo do Vasco em 2021?

“Vamos brigar por título. O Vasco é gigante. O que está sendo montado e feito é para brigar por muita coisa. Muita coisa mesmo. Estou te dizendo não só dentro de campo, mas também fora. É um trabalho muito sério e com muita gente qualificada. O Vasco vai brigar por muita coisa grande nos próximos anos. Pode acreditar.”

 

Fonte: Coluna Venê Casagrande – O Dia

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