Uma das músicas mais emblemáticas e emocionantes que a torcida do Vasco canta nos estádios diz: “Eu já lutei por negros e operários”. Justamente no início da caminhada de reconstrução na Série B, o Cruzmaltino terá pela frente amanhã (29), às 11h, em São Januário (RJ), um adversário que tem até no nome uma história que muito se parece com a sua.
Assim como o time do Vasco na década de 20, o Operário — no início da década de 10 — também surgiu com jogadores formados pela classe trabalhadora humilde.
Apesar da história ter versões controversas, a mais comum é a de que a equipe, inicialmente, foi composta por funcionários que trabalhavam nos escritórios e oficinas da Rede Viação Paraná-Santa Catarina com o nome de Foot Ball Clube Operário Pontagrossense.
Sua fundação em 1912, coincidentemente, aconteceu em 1º de maio, que anos depois seria considerado o Dia do Trabalhador, data que por muitos momentos foi celebrada em São Januário, na década de 40, pelo ex-presidente da República, Getúlio Vargas, em comícios históricos.
Em 1933 o nome foi rebatizado para o que é até hoje: Operário Ferroviário Esporte Clube, e surgiu após a incorporação do Club Athlético Ferroviário — que era uma espécie de grêmio dos funcionários da Rede Ferroviária — ao Operário Sport Club.
Causa racial também é abraçada
E se o Vasco carrega a fama de ter lutado contra o preconceito acenando com a famosa “Resposta Histórica” de 1924 — quando se desfiliou da associação ao não concordar com as regras que excluíam negros e operários de sua equipe —, o Operário também levanta a bandeira das causas raciais.
Além de possuir jogadores negros desde seus primórdios (veja na foto que abre a reportagem), as cores do clube também foram escolhidas para simbolizar a união e igualdade das raças.
“Trata-se de uma homenagem às raças branca e negra, que sempre terão vez em nossa agremiação”, disse um dos fundadores, Alberto Scarpim, em trecho retirado do site oficial do Operário.
Por conta das histórias que se entrelaçam em muitos pontos, alguns torcedores do Operário nutrem simpatia pelo Vasco.
“O Operário é um clube da classe operária, que desde o início teve muitos jogadores negros e possui uma historia também nessa questão. Tem, sim, essa comoção [com o Vasco], principalmente os torcedores mais antigos”, declarou a jornalista Letícia Cabral, da rádio Lagoa Dourada, de Ponta Grossa (PR), cidade paranaense que abriga o Operário.
Nunca se enfrentaram
Apesar de histórias tão parecidas e serem clubes centenários, Vasco e Operário nunca se enfrentaram. O primeiro duelo acontecerá amanhã (29), às 11h, em São Januário, em jogo válido pela primeira rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.
Após ser campeão da Série D, em 2017, e da Série C, em 2018, o Operário já está há dois anos na Série B. Em 2019 ficou na 10ª colocação. Já na temporada passada ficou na oitava posição e chegou a brigar por uma vaga de acesso.
Já o Vasco inicia sua quarta disputa de Série B após ser rebaixado no último Brasileirão. Anteriormente o Cruzmaltino já havia disputado em 2009, 2014 e 2016.
Fonte: UOL Esporte