Lisca é apresentado no Vasco: ‘Se subirmos, nós vamos enlouquecer. Nós vamos endoidecer’

Começou nesta sexta-feira a “Era Lisca” no Vasco. Ao lado do presidente Jorge Salgado e do diretor de futebol Alexandre Pássaro, em São Januário, o treinador foi apresentado oficialmente nesta manhã. Lisca será apresentado aos jogadores e comandará o treino à tarde, no CT do Almirante. A estreia é neste sábado, às 19h, contra o Guarani.

Ao ser perguntado sobre o apelido que o acompanha desde o Juventude, Lisca se disse um “doido pelo futebol”, revelou o sonho de conquistar o acesso junto à torcida em São Januário e brincou:

– Se subirmos, nós vamos enlouquecer. Nós vamos endoidecer. Que nós vamos endoidecer, nós vamos (risos). A competição tem muitos pretendentes. Temos que respeitar os adversários, não temer ninguém, mas temos esse objetivo bem forte que é o acesso. Ser campeão é bom, mas na verdade são quatro campeões. Se a gente puder ser campeão, melhor ainda. Pela grandeza e pela felicidade do torcedor.

– Sou doido pelo que faço, descobri minha vocação aos 17 anos nas escolinhas do Inter. Isso me identifica com o Vasco, a história do Vasco é linda desde a renúncia histórica. Minhas filhas enlouqueceram com a história do Vasco, tenho uma de 15 e 12 anos, e essa geração é muito engajada. Elas falaram: “Vamos pro Vasco, pai”. Já vai acendendo essa doideira de paixão. Vivo o futebol com muita intensidade. Acho que minha doideira vem muito disso.

Lisca, de 48 anos, afirmou que o Vasco é uma meta profissional desde o início de sua trajetória dentro do futebol. E, por isso, a decisão de defender a Cruz de Malta foi simples.

– Vir trabalhar no Vasco é um sonho de criança. Talvez não só meu, mas de todos os profissionais do futebol. A gente vem muito passear na Cidade Maravilhosa de vocês, mas foi sempre um objetivo trabalhar num grande centro do nosso futebol. É o tambor do nosso país junto com São Paulo. Tudo aconteceu muito rapidamente.

Ao falar das dificuldades que terá pela frente com o Vasco numa situação desconfortável na tabela, Lisca afirmou não ver o Vasco como um desafio, mas sim como a grande oportunidade da carreira.

– Obviamente que tenho minha ideia de jogo, mas não adianta vir com uma ideia que não seja condizente com as características do plantel. Tenho cinco meses para fazer esse trabalho com dedicação integral. Vou viver o Vasco 24 horas por dia, convoco os jogadores e funcionários a terem a mesma mentalidade. Na dificuldade sempre aparece uma grande oportunidade. É uma grande oportunidade para mim profissionalmente, grande oportunidade para os jogadores e reconduzir o Vasco à Série A.

– São 30 anos de luta para chegar aqui onde estou sentado. 30 anos, cara. Séries D, C, B, A, base. Graças a Deus tive oportunidades se sou grato a todos. Fiz aquele desabafo para algum grande clube me dar oportunidade. E esse cara aqui do meu lado (Alexandre Pássaro), junto com presidente, está me dando. Consegui. Estou em um grande clube como o Vasco da Gama. Maior oportunidade de minha vida. Mas consegui que um clube grande, como Vasco da Gama, em desse essa oportunidade

O treinador falou como foi o desenrolar da negociação e que esta foi concluída rapidamente. Explicou também por que não pôde assumir o clube no início da temporada, quando, àquela altura, já era um dos preferidos da direção do Vasco.

– Tudo aconteceu muito rápido. Na segunda à noite o Jorge Machado me ligou e disse que o Pássaro queria um encontro terça de manhã em Porto Alegre. Achei muito interessante essa convicção de o dirigente ir lá. Quando o Pássaro me apresentou o projeto, fiquei muito motivado. Em 30 anos de carreira foi a primeira vez que um dirigente foi na minha casa me apresentar um projeto. Depois conversei com presidente Jorge por telefone. No início do ano eu tinha compromisso com América, era inviável. O que me trouxe aqui foi a historia, a torcida, a equipe, os jogadores e uma vontade enorme de trabalhar nesse gigante que é o Vasco da Gama

Minutos antes da apresentação, o clube postou um vídeo de Lisca bastante emocionado dentro do gramado de São Januário, estádio ao qual se referiu como “templo sagrado”.

– Olá, torcedor vascaíno, agora dentro aqui do nosso templo sagrado. É demais, né? É um orgulho muito grande, agradecer ao convite da diretoria e ao apoio que vocês têm me dado. Agora é luta. Juntos pelo Vasco, momento de união e de mobilização para nesses cinco meses finais do ano a gente buscar o nosso grande objetivo, que é o retorno nosso para a Série A. Conto com todos vocês, com energia positiva, e espero que em breve vocês possam estar juntos conosco para celebrarmos juntos o amor que nós temos pelo nosso clube.

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Tempo para a estreia

– O tempo para esse jogo é curto. O trabalho não é só do Lisca, é do Vasco. Tenho uma equipe. Vou conhecê-los agora. Temos uma reunião no CT à tarde. Obviamente observei demais o Guarani, time que está na parte de cima da tabela. Precisamos encostar no pelotão de cima. É jogo decisivo, todos são. Tenho minhas análises e observações sobre o Vasco. Conheço bem a equipe, acompanhei praticamente todas partidas. Tenho algumas ideias. Vou ver os jogadores que estão a disposição. No campo não vamos poder fazer muito, mas à noite, após o jantar, quero trabalhar o lado mental, escutar os jogadores, que são eles que jogam e têm o poder de decisão dentro de campo.

Copa do Brasil como um dos grandes objetivos

– A Copa do Brasil é uma competição importante. O Vasco tem tradição e foi campeão em 2011, comandado pelo Fernando Prass, Diego Souza. Fomos lá no Couto Pereira e ganhamos. Competição muito atrativa financeiramente. Nosso objetivo é retornar à Série A. Mas como podemos participar das duas, vamos trabalhar bem nas duas frentes. Temos um adversário gigante na Copa do Brasil. Teve um inicio de Brasileiro não tão bom, mas tem dado resposta sensacional na Libertadores, ganhou do Racing. Jogo muito legal de se jogar, todo profissional almeja. Vamos estar preparados. Vamos com força nas duas competições.

Trabalho mental previsto para a noite

– Conheço bem a equipe, acompanhei todas as partidas praticamente. Hoje à noite não vamos poder fazer muito no campo, ideia hoje é já fazer uma dinâmica com os jogadores após o jantar, trabalhar o lado mental. São eles que jogam e são eles que têm o poder de decisão em campo. Vamos trabalhar demais dentro do possível, cuidando muito da carga para estarmos 100% na hora do jogo, que é o mais importante.

Já pensa em reforços?

– Acredito muito no elenco que temos aqui, na mescla que temos da juventude com experiência. É uma característica do nosso clube formar jogadores. Romário, Edmundo, Pedrinho, Geovani. Eles são exemplos para os meninos. Acredito demais no nosso trabalho, numa nova maneira de jogar, mas com calma e gradualmente. Vamos ver alguma necessidade, alguma oportunidade de mercado, mas não é nossa prioridade. Nossa prioridade é potencializar a performance dos jogadores. O papel do treinador é melhorar e estabilizar a performance dos jogadores.

– A individualidade é importante, mas hoje o jogador fica de 50 a 54 segundos com a bola por jogo. Isso é 1% do tempo de jogo. Então os movimentos coletivos e o entendimento de jogo são muito importantes. Vamos aproveitar também jogadores que não estão tendo o desempenho que a gente necessita no momento. Com o Pássaro e a diretoria, estamos constantemente avaliando os jogadores, mas minha ideia é potencializar os jogadores que estão no grupo.

Gosto pelo trabalho com jovens

– Eu gosto de trabalhar com meninos, sou oriundo das categorias de base. Tive oportunidade de trabalhar com muitos jogadores que tiveram sucesso. Sobis, Pato, Marcelo, Kaká, Luiz Adriano… A mescla é fundamental, nem só meninos e nem só experientes. A segurança dos mais experientes, e a ousadia, a alegria e ambição desses meninos que estão começando sua vida pessoal e profissional. E o Vasco te dá essa oportunidade de evoluir como profissional e cidadão.

Torcida do Vasco

– A torcida do Vasco dispensa comentários. Somos torcedores apaixonados. Agora é a hora do verdadeiro vascaíno. Só na boa é fácil, na hora da dificuldade a gente vê quem é torcedor. É hora de botar a bandeira no terraço e cantar a música que está acostumado. Precisamos retomar a nossa história, o clube está se reorganizando e tem uma proposta muito interessante de gestão. A minha ideia é trazer essa energia do torcedor mesmo sem ele estar presente.

– Meu sonho é poder fazer esse acesso com São Januário com torcedor. Seria um sonho. Estou muito esperançoso que isso aconteça. E convoco todo torcedor vascaíno para que a gente reforce esse orgulho de ser vascaíno, de estar com essa cruz no peito.

– Desde a construção de São Januário, da construção do CT. Nós nunca vamos deixar de ser vascaínos. Ele pode ficar bravo, mas nunca vai trocar. Meu, o que passou, passou. Não tenho como interferir. Eu vou tratar de trabalhar para fazer o Vasco cada vez maior. Tenho tido um carinho muito grande do torcedor. E a expectativa é de todos nós. Aqui no Vasco funciona o nós, e o torcedor é parte fundamental.

Cano mestre no posicionamento

– Pretendo ajudá-lo cada vez mais com organização ofensiva e defensiva. Que ele possa trabalhar junto aos companheiros. Espero ajudá-lo e que ele seja melhor municiado e que se sinta. Futebol você precisa ter vantagem posicional, e o Cano é mestre nisso.

Vasco é o maior desafio da carreira?

– Cada clube pelo qual passei vejo com grandeza enorme. Cada um na sua prateleira. Sampaio Corrêa é de menor investimento, mas tem história linda. Náutico… O Juventude foi um orgulho enorme. O América era um time regional, mas se transformou em nacional. Onde eu passava de férias conheciam o Ademir, o Rodolfo e o Juninho. Também vejo América na sua prateleira com uma grandeza enorme.

– Com certeza é a maior oportunidade da minha carreira, não vejo como desafio. Na dificuldade aparecem as grandes dificuldades, talvez isso foi uma diretriz. Eu nunca cheguei num time confortável, sempre foi em cima de desafios e reversão. Sempre vi como oportunidade. Temos uma oportunidade ímpar de levar o Vasco para a Série A e colher frutos. Na Série A, os jogadores terão outro valor e outra dimensão, outro valor de mercado.

– Eu vou trabalhar com os jogadores em cima disso. O Vasco é uma empresa, e nós precisamos valorizar essa empresa. Eu e os jogadores somos ativos dela. Subir o Vasco não pode ser uma pressão, tem que ser uma motivação. O momento é difícil, mas é nesse momento que a gente cresce. Estou vendo uma oportunidade ímpar na minha carreira, com todo respeito aos outros clubes. Mas com certeza, em termos de dimensão, é o maior. Quero agradecer a alguns jogadores do América. Se estou aqui, isso deve-se muito a vocês.

Lisca, sobre VAR na Série B

– Com VAR muda tudo. É outro campeonato. Te dou o exemplo do América-MG no ano passado. Acho interessante, é uma evolução. Vou concordar e trabalhar da melhor maneira possível. Que a gente tenha cada vez menos erros e os jogos sejam decididos dentro da lei, em campo.

Náutico “fora da curva”, e o Vasco na mesma batida

– Se subir, nós vamos enlouquecer. Que nós vamos endoidecer, nós vamos. A competição tem muitos pretendentes. Temos que respeitar os adversários, não temer ninguém, mas temos esse objetivo bem forte que é o acesso. Ser campeão é bom, mas na verdade são quatro campeões. Se a gente puder ser campeão, melhor ainda. Pela grandeza e pela felicidade do torcedor.

– Hoje temos um clube com uma campanha fora da curva, inclusive mando um abraço ao pessoal do Náutico. E o Náutico está assim não é à toa. E o nosso clube está nessa mesma batida e no mesmo sentimento. Hoje estamos no bolo intermediário, precisamos chegar ali perto para entrar no returno bem e dar o sprint final. No ano passado, o América perdeu uma partida só no returno e conseguiu o acesso praticamente com seis rodadas de antecedência. Hoje é uma outra realidade, uma outra dimensão, um outro clube e uma outra cobrança.

Gosto de futebol organizado, o Vasco propõe o jogo por sua história, não fica esperando o erro. Antigamente você pensava em proteger o gol aqui e atacar o gol de lá, mas as dinâmica mudaram demais. Vamos estabelecer nosso modelo junto com os jogadores.

Sem inventar muito para o jogo com o Guarani

– Não podemos radicalizar para o jogo de amanhã, sem botar os pés pelas mãos e sem atrapalhar muito a cabeça dos jogadores. Aos poucos faremos as mudanças para termos uma equipe organizada. Preciso de todos os jogadores. Aqui no Vasco trocamos o eu pelo nós. É um trabalho de todos para fazermos o Vasco vencedor.

Forma de jogar: se adapta ao estilo do elenco

– Sou um treinador que procuro me adaptar às equipes que chego. Características e qualidade dos jogadores. O América tinha uma equipe ofensiva. Tínhamos um sistema de marcação muito agressivo, com linha alta, pé na garganta, como falávamos no América (risos). Tentávamos recuperar logo a bola. No Ceará em 2018, em compensação, era um time reativo. Saímos de uma campanha de último colocado e fizemos uma campanha de sétimo colocado. São dois modelos diferentes que usei.

– Procuro me adaptar. Pretendo fazer um time agressivo, talvez não no primeiro momento, no primeiro jogo. Não posso chegar e mudar todos conceitos. Temos que ter um pouco de calma e paciência. Mas vamos chegar lá. Pretendo fazer do Vasco uma equipe agressiva.

Lisca brinca com campanhas da torcida por Diego Souza

– Vamos deixar combinado com Diego. No ano que vem, quando conseguirmos o acesso, o Diego vem nos ajudar (risos). Trabalhei com ele no início da carreira. É mais uma motivação para nós. Conseguir o acesso e trazer de volta jogadores que aqui fizeram história

Fonte: ge

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