Diretoria apresenta números dos acordos para redução de dívidas e Salgado admite: ‘O futebol está devendo’

A relação entre a tentativa de melhora administrativa e a dificuldade de voltar para a Série A pautou a entrevista coletiva da direção do Vasco na tarde desta quarta-feira. Ao apresentar detalhes de novos acordos para parcelamento de débitos tributários, trabalhistas e cíveis, que devem reduzir o endividamento do clube em pouco mais de R$ 200 milhões e possibilitar mais investimentos, o presidente Jorge Salgado reconheceu que o cenário na Série B é de extrema dificuldade.

O dirigente afirmou que o futebol em 2021 está devendo. Na quinta, a equipe de Fernando Diniz enfrenta o Guarani, em Campinas, pela 33ª rodada. Em oitavo lugar, soma 47 pontos. Sete distante do G-4.

– O futebol está devendo. A gente tinha uma projeção completamente diferente daquela que a gente vê hoje. Nem por isso, faltou trabalho e planejamento. Tivemos dificuldade para montar o time no começo da gestão. Saímos de 15 jogadores e recebemos outros 12 em poucos meses, o que não é fácil. Outros times já estavam com planejamento para a Série B pronto – disse, para completar:

– Quando olha para a tabela, se analisa que o futebol foi mal e a administração se perdeu. Agora, olhando o dia a dia tivemos avanços consideráveis no departamento de futebol. O Vasco não pontuou como a gente imaginava, isso acontece no futebol. Vocês da mídia, por exemplo, apontavam o Grêmio como um forte candidato ao título da Série A pelo time e pela estrutura. E agora você vê onde o Grêmio está (é o atual 19º colocado na Série A). O futebol tem surpresas. O importante é não perder o foco. Se não for agora, vai ser no ano que vem. A gente trabalha com perspectiva de melhorar o clube. Acho que temos condições de subir para a primeira divisão, sim. A depender de resultados, podemos até perder mais um jogo e mesmo assim subir. É difícil, mas ainda temos chances.

Ao lado de Salgado, estavam o segundo vice-presidente Roberto Duque Estrada e o vice de finanças, Adriano Mendes. O trio fez uma análise do contexto do clube, das primeiras ações da gestão e dos últimos acordos com credores. O mais recente foi com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), por meio da transação tributária, algo previsto em lei federal, no qual o clube obteve 50% de desconto para pagar dívidas.

Como o ge mostrou anteriormente, o Vasco incluiu R$ 276 milhões em dívidas na renegociação. Após desconto, o valor cairá para R$ 138 milhões. Esse saldo será parcelado entre cinco e dez anos. Ainda é provável que os valores da negociação aumentem. No acordo com a PGFN, o Vasco obteve o direito de registrar todas as dívidas feitas até 31 de outubro de 2021. Neste momento, no entanto, nem todas foram levantadas. Elas serão acrescidas em breve aos R$ 276 milhões – na apresentação, por exemplo, Adriano Mendes já informou um valor com novos acréscimos, um total de R$ 346 milhões.

Além do acordo com a PGFN, o Vasco apresentou recentemente o plano do Regime Centralizado de Execuções para as dívidas trabalhistas e cíveis – outra possibilidade prevista em lei federal. Caso seja aprovado, o clube estima que reduzirá a dívida em R$ 232 milhões até o final do ano.

– Hoje é um dia feliz para nós vascaínos. Demos mais um passo para a reestruturação da nossa dívida. Há mais de cinco meses que a gente vem negociando com a PGFN e também com o Ministério Público do Trabalho para costurar uma solução tanto pra dívida fiscal como para a trabalhista. Finalmente conseguimos fazer isso e vai nos dar uma tranquilidade muito grande do ponto de vista da previsibilidade, de melhorar a nossa imagem enquanto clube. Esse acordo é muito vantajoso porque a gente consegue bloquear as execuções judiciais e consegue também uma redução de dívida muito grande do ponto de vista da dívida total. Nós pegamos o clube com R$ 832 milhões de dívida e pretendemos entregar esse clube no final do ano com uma dívida ao redor de R$ 600. Uma redução de pouco mais de R$ 200 milhões. Isso faz parte do nosso plano de reestruturação – afirmou Salgado.

Este cenário, segundo os dirigentes, permitirá mais investimentos no futebol a partir de 2022. Em 2021, o orçamento para o time foi de cerca de R$ 60 milhões. Desde que a gestão assumiu, a folha salarial do clube foi reduzida de R$ 10,7 milhões para R$ 6,2 milhões – atualmente ainda há atraso no pagamento a funcionários e jogadores.

– A redução da dívida pode trazer, sim, benefícios para o ano que vem. A redução de dívida não é uma injeção de dinheiro, não entra dinheiro. Mas permite um fluxo de caixa melhor. Com isso, poderemos alocar mais recursos no futebol. Se a gente paga menos encargos da dívida, conseguimos ter mais recursos – pontuou Salgado.

– Esse quadro não é de cinco anos atrás. É de oito meses atrás. Uma dívida de R$ 832 milhões. Mas pior do que ter uma dívida de R$ 832 milhões é ver ela vencer já em um ano. Tinha que pagar R$ 351 milhões em um ano. A receita bruta do Vasco é uma receita estrutural em R$ 200 milhões e com a Série B, tínhamos uma expectativa de trabalhar com cerca de R$ 100 milhões. Os números são incompatíveis. Esse trabalho todo isso aqui é vital para termos cenários melhores no ano que vem. Sempre há previsão de melhora gradativa de investimentos no futebol. É um plano que não se abre mão – acrescentou Adriano.

Segundo Adriano Mendes, o acordo com a PGFN começa com parcelas menores e aumenta à medida que o clube passa a ter mais poder de pagamento. O dirigente disse ainda que há previsão de gatilhos (pagamentos maiores) em caso de receita extraordinárias (venda de jogadores). De acordo com Duque Estrada, o acordo será rescindido em caso de atraso de três parcelas consecutivas ou seis alternadas.

Fonte: ge

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