Vitor Roma: ‘Estou negociando com um novo patrocinador para sustentar o futebol feminino’

Em julho de 2021, o Vasco publicou em seu site oficial a ampliação da parceria com a cervejaria Ambev, que previa tornar o futebol feminino do clube autossustentável. Seis meses depois, a categoria está longe de ser financeiramente independente. Pelo contrário: convive com salários atrasados e corte de despesas.

Com sérios problemas financeiros, que afetam também o time profissional masculino, que completa nesta sexta-feira dois meses sem receber os vencimentos mensais, além de 13º e férias, o Vasco só mantém o futebol feminino hoje por conta da obrigatoriedade. O clube diz entender a importância da categoria, mas as atuais condições não permitem o investimento. A realidade é parecida com outras equipes brasileiras.

Sem condições de investir na categoria, o clube foi atrás de um parceiro que bancasse a sobrevivência das meninas. A missão é fazer do futebol feminino um “não problema” para o Vasco. Mas o que aconteceu com o dinheiro repassado pela Ambev?

De fato, o contrato previa destinar parte do recurso para o futebol feminino, e assim aconteceu, como explicou o vice-presidente de marketing do Vasco, Vitor Roma, ao ge. O problema é que houve um “erro de cálculo” do clube para sustentar o time no último semestre de 2021. Houve um reajuste no orçamento, uma parcela do dinheiro que entrou precisou ser gasta com dívidas da categoria, e o cobertor ficou curto, voltando a acumular despesas ao fim da temporada.

O departamento, portanto, anunciou a autossuficiência do futebol feminino sem levar em consideração essas contas.

As denúncias que surgiram no início de semana são de problemas que vão desde a falta de alimentação e uniformes até alojamento precário para as jogadoras na Barreira, comunidade vizinha do Estádio de São Januário. A situação pesou para a saída de jogadoras como Bebel, Anny e Dani Barão, que se destacaram com a camisa vascaína.

O que fazer?

O orçamento de 2022 prevê gastar pouco mais de R$ 40 mil por mês com a folha do futebol feminino. A reportagem apurou que, em 2020, a folha salarial do elenco e comissão técnica custava mais de R$ 70 mil mensais. A folha do masculino no ano passado estava próxima de R$ 2,5 milhões, com mais R$ 1 milhão destinado ao pagamento de dívidas com atletas que saíram.

A saída da administração é seguir o mesmo acordo feito com a Ambev. O clube atualmente negocia com um novo patrocinador para sustentar as despesas do futebol feminino. O Vasco aposta no crescimento da categoria no país para atrair parceiros interessados na causa. Outra possibilidade é um novo pacto com a cervejaria nas negociações pela renovação em março.

– Não houve desvio do dinheiro. O dinheiro foi pra lá. O que aconteceu com o contrato da Ambev foi que o dinheiro acabou. É uma situação triste, mas simples. A pasta do futebol feminino não está abaixo do marketing, mas existe uma crença minha de resolver esses problemas para aliviar a administração. Estou negociando com um novo patrocinador para sustentar o futebol feminino. É sempre um desafio, mas temos números melhores de retorno da categoria. Existe a boa vontade de resolver, mas o clube hoje não consegue bancar – declarou Vitor Roma.

A valorização da categoria era uma das promessas de campanha do presidente Jorge Salgado, que não conseguiu colocar em prática as ações pretendidas. Além de fazer o futebol feminino autossuficiente, a diretoria disse que Pretinha, uma das maiores jogadoras do Brasil e a principal artilheira da história do Vasco, seria a líder do departamento. A atleta, porém, não chegou a ser procurada pelo clube, que ainda sonha com a parceria, mas alega falta de recursos.

A reapresentação do elenco feminino está prevista para o dia 17 de janeiro. Os treinos das meninas acontecem na Vila Olímpica de Caxias, no Artsul e em São Januário. Em 2022, o Vasco vai disputar novamente a Série A2 do Brasileirão, com início marcado para 21 de maio, além do Campeonato Carioca no segundo semestre.

O ge enviou as perguntas abaixo à Ambev:

– Até que ponto a Ambev se envolve no investimento no futebol feminino do Vasco? A aplicação do dinheiro no futebol feminino está prevista no contrato com o clube?

– Já que a Ambev foi anunciada pelo próprio Vasco como principal parceira no investimento no futebol feminino, a empresa pretende tomar alguma providência diante do quadro de descaso com a modalidade? Existe algo que se possa fazer?

A resposta da empresa foi a seguinte:

“Por questões contratuais, seguimos a confidencialidade dos nossos contratos. Estamos acompanhando e esperamos que a situação seja regularizada o mais rápido possível”.

Fonte: ge

Notícia anteriorJuniores: Igor Guerra fala sobre goleada na estreia e projeta partida contra o Rio Claro
Próxima NotíciaEdimar: ‘Minha escolha foi muito fácil se tratando de um clube com a história e o tamanho do Vasco’; veja vídeo