Basquete: Ex-jogadores e Fernando Lima falam sobre a idolatria da torcida por Hélio Rubens

Ao experimentar o sucesso como jogador e técnico, Hélio Rubens elevou também o status de Franca, que passou a ser conhecida como capital do basquete. O esportista vencedor virou expoente da cidade, uma espécie de “embaixador” francano.

– Pessoal fala, você é de Franca?! Nossa, o Hélio Rubens. O Hélio Rubens que é o mais falado mesmo, onde você vai, em qualquer cidade, fala Hélio Rubens e todo mundo tem referência, quer saber como que é, quer tirar fotografia, autógrafo, ele é uma personalidade do esporte e que tem um reconhecimento muito justo – disse o irmão Fransérgio.

A fama de Hélio é tão grande que surpreende até outra referência nacional da cidade, como a empresária Luiza Helena Trajano, que testemunhou de perto o prestígio do ex-técnico.

– Quando eu fui as primeiras vezes para o Rio com ele no carnaval, eu fiquei impressionada com o quanto as pessoas procuravam por ele pra tirar fotos. Ele é muito mais conhecido do que a gente pode pensar, um atleta muito conhecido nacionalmente – relatou a empresária.

Mas esse reconhecimento de Hélio não aconteceu apenas pelos bons momentos e conquistas, e sim pela perseverança de manter viva a chama do basquete no Brasil e, especialmente, em Franca.

– Ele é um dos responsáveis pelo basquete de Franca, hoje, ter mais de 70 anos ininterruptos. Nos momentos mais difíceis que o basquete francano passou, ele sempre estava resgatando o basquete de alguma maneira. Ou ele estava resgatando buscando patrocínio e a área administrativa, sempre procurando recursos pra equipe não acabar ou ele estava buscando resultados dentro da quadra, inesperados até, que muitas vezes achavam que a equipe não ia conseguir aquele resultado positivo e aquelas vitórias – lembrou Demétrius, ex-jogador de Hélio Rubens no Franca e no Vasco, e atual técnico do Paulistano.

– Quantas vezes [falavam] “esse ano não vai ter time” e uns jogadores iam embora, porque tinham propostas boas e ficavam três e pegavam mais dois e remendavam mais um e continuava [o time], aí aparecia patrocínio, ia disputar a final e ganhava – recordou Guerrinha, também ex-jogador do Franca e atual técnico do Bauru.

Essa característica de Hélio reforçou seu vínculo com Franca, mas em duas ocasiões, ele deixou a cidade que ama para impulsionar o basquete em outros dois locais: Uberlândia e Rio de Janeiro, no Vasco da Gama.

A situação de idolatria se repetiu no Vasco da Gama. Poderoso no futebol, o clube também quis se projetar como uma potência olímpica no fim dos anos 1990 e início do século 21. E Hélio Rubens foi o encarregado de liderar o Gigante da Colina no basquete.

O clube já havia contratado boa parte do elenco que estava em Franca com Hélio: Sandro Varejão, José Vargas, Rogério Klafke, Demétrius e Helinho. Com essa base, conquistou dois estaduais, em 2000 e 2001, dois brasileiros, também em 2000 e 2001, além da liga sul-americana, em 2000.

Diretor do clube à época, Fernando Lima disse que o período mais vitorioso da história do Vasco no basquete elevou Hélio Rubens a condição de grande ídolo cruz-maltino.

– É lógico que no futebol você tem Romário, tem Roberto Dinamite, tem Juninho, mas o Hélio, quando ele se faz presente com qualquer ídolo da torcida vascaína, vai ter o lado do Hélio. O Hélio, a torcida do Vasco não esquece, é muito forte a ligação que ele fez com os vascaínos – revelou Lima.

Armador do Gigante da Colina na época, Helinho recordou o momento da chegada do pai, apresentado ao estrelado elenco pelo então vice-presidente e homem-forte do clube, Eurico Miranda. Desde o início do projeto vascaíno, em 1998, o time havia falhado em conquistar o nacional com os técnicos Alberto Bial e o porto-riquenho Flor Meléndez.

– Naquele momento, estava mudando o técnico pela terceira vez. O Eurico entrou no vestiário com o Fernando Lima e falou assim: “eu trocando o técnico pela terceira vez e eu só queria comunicar pra vocês que esse técnico está vindo para ser técnico e coordenador dos esportes olímpicos do Vasco e a próxima vez que eu tiver que mudar, não vai ser mais o técnico, passar bem”. E saiu. E depois disso foi ótimo, ganhamos muitas coisas – lembrou Helinho.

Foi tão forte a passagem dele pelo clube carioca, que até no futebol ele influenciou. Com campanhas ruins no nacional entre 2001 e 2002, o vitorioso comandante do basquete foi convidado a palestrar aos jogadores vascaínos antes de um jogo importante pelo Brasileirão.

– A gente estava passando uma época muito difícil, com medo de que viesse um primeiro rebaixamento no time do Vasco e o Eurico fala pra mim assim, “vou falar com Hélio, porque eu queria que ele desse uma palestra para os jogadores de futebol antes dessa partida que vamos ter”. Quando acabou a palestra, eu encontro com Isaías [Tinoco, diretor à época] e pergunto “e aí, como foi o Hélio?”, “Fernando eu estou há muitos anos no futebol, eu nunca na minha vida vi jogador de futebol ficar tão envolvido com uma palestra como essa” – recordou Fernando Lima.

No interior de Minas Gerais, fez história ao levar o Uberlândia ao título brasileiro em 2004 e da Liga Sul-Americana em 2005. Também conquistou dois estaduais, em 2003 e 2004. Retornou para uma nova passagem entre 2012 e o início de 2014, período em que venceu mais dois estaduais e foi vice do NBB em 2013. Essa trajetória foi mais que suficiente para marcar o nome dele em Uberlândia, como bem expressou o jornalista Marcelo Calfat, que cobriu a passagem de Hélio pela cidade virou um torcedor e amigo do ex-técnico.

– Normalmente o esportista tem uma relação onde tem ele e o público. E o Hélio sempre teve uma relação muito pessoal com a torcida, sempre muito humanizada, de dar atenção com interesse em ouvir o que o torcedor fala, de gravar, tirar fofo. Mas essa relação com a torcida, ele foi ídolo no Uberlândia, ídolo no Franca, ídolo no Vasco e todo mundo idolatra o Hélio Rubens. Normalmente quando um ídolo sai de um time e vai para outro, ele passa a ser odiado, isso é comum no basquete, no futebol. O Hélio Rubens não, ele é amado por todos os lugares que ele passa – concluiu.

Fonte: ge

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