Avô de Weverton fala da emoção em reencontrar o lateral do Vasco em Alagoas

Weverton não via a família desde o fim do ano, quando passou um mês de suas férias em Maceió, cidade onde nasceu, cresceu e começou a jogar bola. Junto com a delegação do Vasco, que enfrenta o CRB neste sábado, às 19h (de Brasília), em jogo válido pela segunda rodada da Série B do Brasileirão, ele desembarcou na capital alagoana na madrugada de sexta-feira, mas dessa vez numa circunstância diferente e especial: Weverton agora é lateral-direito do time do coração de quase toda a família, principalmente do avô.

Logo que soube que iria a Maceió com o Vasco, Weverton pediu ao pai, o vigilante Guilherme de Souza, que providenciasse peças de queijo coalho e cocada para que pudesse distribuir entre companheiros e membros da comissão técnica quando chegasse. Por sua vez, ele comprou camisas do Vasco com seu nome escrito para entregar a vários familiares. Levou mais de 20 na bagagem.

O encontro na manhã de sexta, no saguão do hotel na orla de Jatiúca onde a delegação vascaína está hospedada, tinha esses propósitos: a troca de presentes e, claro, o alívio da saudade. Seria algo casual. Mas, no momento de receber a camisa, o avô Jedson Ferreira não conteve as lágrimas e começou a chorar. Sua imagem emocionado ao lado do neto foi parar em todas as redes sociais do clube.

“Eu estou realizado. Aquela hora ali eu me senti muito realizado”, contou ele ao ge.

Weverton tem pai, mãe, avó, tio e uma porção de familiares vascaínos. Mas ninguém mais do que o avô, que, de tão nervoso que ficava, preservou durante anos o hábito de se trancar sozinho no quarto com uma jarra de água com açúcar para assistir aos clássicos contra o Flamengo. A rivalidade no bairro de Petrópolis, onde mora, era pesada: “O Flamengo ganhava, eles vinham na minha porta com caixão e tudo. Quando o Vasco ganhava, eu ia para a rua e botava o hino no carro”.

Até que, certa vez, aproximadamente 20 anos atrás, Ferreira foi parar no hospital com a pressão nas alturas. E desde então aprendeu a torcer com moderação – ao menos não precisa mais se trancar no quarto. Ele tem certeza de que, não fossem o passo atrás no fanatismo e os remédios para controlar a pressão, não chegaria aos 57 anos.

Ainda assim, receber a camisa do Vasco das mãos do neto foi emoção demais para ele. E não só isso: com passagens por Figueirense, Cruzeiro e RB Bragantino, Weverton nunca atuou em Maceió desde que se tornou jogador profissional. Caso seja escalado pelo técnico Zé Ricardo neste sábado, essa será sua primeira partida no Estádio Rei Pelé, principal palco de futebol da capital alagoana. Um sonho de infância.

– Me sinto muito feliz de voltar aqui em Maceió, a terra onde eu cresci. Isso é motivo de muita honra. E jogador no Estádio Rei Pelé sempre foi um sonho meu e da minha família. Quem é de Maceió sabe que todo mundo tem o sonho de jogar naquele estádio, e eu nunca tive a oportunidade. Se Deus quiser, sábado eu vou ter – disse o lateral-direito de 22 anos.

Ao menos duas dezenas de pessoas, entre amigos e parentes, fazem parte da caravana da família que estará na arquibancada na partida contra o CRB. Inclusive, teve gente nesta sexta que perdeu a oportunidade de conhecer o treinador do Vasco no saguão do hotel porque estava na UPA tentando arrumar um atestado para faltar ao trabalho.

“AQUI É VASCO, PAI!”

Weverton começou a bater bola num campinho de terra surrada perto da casa dos avós. Seu primeiro clube, ainda bem novinho, foi o Corinthians Alagoano. Ferreira conta que, nessa época, o lateral do Vasco, mesmo franzino, se destacava entre os meninos principalmente pela força no chute.

– Ele treinando na base do Corinthians Alagoano, com oito anos, teve um pênalti que ele foi bater. Pegou a bola, botou na marca da cal e deu um chute tão forte que o goleiro pegou e caiu com bola e tudo. O pai do menino ficou bravo, eu discuti com ele e foi uma discussão pesada porque ele dizia que meu neto era mais velho – lembra o avô, aos risos.

– Aí colocaram ele no sub-11, depois no sub-13, depois sub-15, sempre uma categoria à frente – acrescentou.

Em seguida, Weverton foi treinar numa escolinha do Santos. Depois, nas categorias de base do Internacional. Chegou a atuar fora do país, mas só foi lançado como profissional no Figueirense, em 2018. Ele teve uma passagem rápida pelo Cruzeiro antes de ter seus direitos adquiridos pelo Bragantino dois anos atrás.

Durante os dois anos em que defendeu o clube de Bragança Paulista, Weverton atuou em 34 partidas e fez um gol. A oportunidade de ter uma sequência de jogos (já são 13 na atual temporada) foi um dos principais motivos que o fizeram aceitar a proposta vascaína. Seu pai, Guilherme, lembra com exatidão o momento em que soube que o Vasco estava interessado em contar com o futebol do filho. Foi durante as férias da virada do ano.

“Quando o agente dele foi na casa e falou sobre o interesse do Vasco em contratar ele, ele já abriu aquele sorriso: ‘Pai, é a camisa, pai, é Vasco, aqui é Vasco!’. Nisso ele começou a falar todos os dias: ‘Pai, vou para o Vasco, pai, vou para o Vasco’.”, contou.

A mãe, Edilene Florêncio, perguntou ao filho se ele estava pronto. Ela queria se certificar de que ele tinha a consciência do tamanho da responsabilidade que é vestir a camisa do Vasco. A resposta foi sim. Ao menos entre os familiares, é unânime o entendimento de que Weverton tem maturidade para controlar a ansiedade e lidar com críticas – o que já vem acontecendo por parte de alguns torcedores. É distância das redes sociais e foco no campo.

O lateral ainda não fez gol desde que chegou ao clube, mas um lance em um dos clássicos contra o Flamengo pelo Campeonato Carioca fez a família comemorar como se fosse um. Foi o momento em que Gabriel Pec e Gabigol se desentenderam na beira do campo, e Weverton chegou empurrando o atacante rubro-negro. “A gente vibrou demais”, disse o pai.

Depois de empatar com o Vila Nova em 1 a 1 na estreia da Série B, o Vasco chegou em Maceió com o discurso de recuperar os pontos perdidos em São Januário. O acesso à Série A, sobretudo depois do fracasso na temporada passada, é o objetivo principal e inegociável do clube, que este ano mais do que nunca vai poder contar com a torcida e as orações de Ferreira e toda sua família.

– Tenho fé em Nossa Senhora de Aparecida, que ela cubra com seu manto todo jogador do Vasco para livrar de contusões e chegar no final do ano na Série A. Tenho fé em Deus – disse o avô de Weverton, antes de concluir:

– E torço para que meu neto, se possível, continue no Vasco.

Fonte: ge

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