Paulo Bracks garante Vasco forte: ‘Não penso em outro projeto que não seja a Série A a partir de 202

No início de setembro, o Vasco vendeu 70% de seu futebol para o grupo americano 777 Partners. Com a promessa de um pesado e imediato aporte financeiro, o torcedor voltou a sonhar, após anos sem perspectivas, com um time forte, que volte a disputar títulos da elite. Realidade bem diferente da atual, em que o clube sofre, pelo segundo ano seguido, para sair da Série B.

E quem é o responsável por comandar o projeto que vem enchendo os vascaínos de esperança? Embora o grupo americano seja dono de 70% do Vasco e a 777 tenha toda uma engrenagem global para seus clubes, no Brasil quem está à frente do futebol, com autonomia para tomar decisões, é Paulo Bracks. O advogado de 41 anos, com passagens por América-MG e Inter, foi escolhido após um longo processo de seleção e inúmeras entrevistas para ser o homem forte do futebol no país.

Discreto, o mineiro Bracks está há quase dois meses no dia a dia do Vasco e oficialmente no comando do futebol desde o início de setembro. Nesta quinta, o diretor-esportivo deu ao ge sua primeira entrevista exclusiva desde que chegou ao clube. Não fugiu de assuntos ou de falar sobre a dificuldade do time na Série B, mas evitou detalhar o planeamento para 2023. Questão estratégica, segundo ele, a cinco rodadas do fim da Série B. Garantiu, no entanto, investimento forte e um elenco à altura das competições que o Vasco disputará. E para ele não há outra opção que não seja a Série A.

Durante quase uma hora de entrevista, no CT Moacyr Barbosa, o novo homem forte do futebol do Vasco contou como chegou ao clube, explicou como funciona a integração com executivos estrangeiros da 777 e com os times do grupo e falou sobre planos de reforma no CT, melhorias imediatas na estrutura e também, é claro, futebol. Abordou o momento na Série B e os planos para 2023, elogiou Jorginho, revelou investimento pesado no setor de análise de mercado e citou observação e monitoramento de jogadores na América do Sul. Leia abaixo:

Você completou um mês oficialmente à frente do Vasco SAF. Com a janela fechada, não foi possível ir ao mercado. O que tem sido possível fazer para ajudar no acesso do Vasco e como tem sido esse início?

Paulo Bracks: Na verdade, fisicamente, estou no Vasco desde 13 de agosto, no jogo contra o Tombense, na 24ª rodada. Oficialmente e contratualmente, assumi na primeira semana de setembro. Essa minha vinda antes de estar 100% documentado foi para trabalhar. A janela fechou um ou dois dias depois da minha chegada. Não seria inteligente e prudente da minha parte qualquer ação no mercado sem conhecer o elenco no dia a dia. Uma coisa é você conhecer o elenco pela TV ou por informações de terceiros e outra no dia a dia, que é o meu papel como diretor de futebol.

Conhecer o elenco, membros da comissão técnica, logística de viagens.. conhecer a fundo o jogador a ponto de você ter uma informação completa de quem aquele jogador é. Se é um jogador que entrega, com quem você pode contar, dentro de um nível que você aceita. Eu não tinha esse quadro desenhado. Ele foi se desenhando ao longo dos dias.

Deixei bem claro desde o início para funcionários e atletas que a minha presença física foi para dar uma tranquilidade a todos. É claro que uma mudança institucional e de estrutura causa insegurança. O meu papel aqui dentro, como responsável e comandante do futebol, foi dar tranquilidade aos funcionários e ao trabalho que estava sendo feito. Obviamente a gente tinha que evoluir em alguns pontos. Mas dar estabilidade para o ambiente de trabalho foi essencial naquele momento de transição. Não foi um mês de rupturas. Foi de continuidade no que estava dando certo e com mudanças pontuais naquilo que precisava ser mudado.

E quais foram as primeiras impressões quando chegou?

– Tive que entender rápido como vinha sendo o ano do Vasco. E me deparei com um ano de dificuldades. Um ano de três a quatro meses de salários atrasados para um grupo de funcionários e jogadores. Isso precisava ser o quanto antes resolvido. Foi muito positivo estar aqui no meio da temporada, faltando 14 jogos. Já entrei com um conhecimento do que era possível ser feito. Na minha primeira reunião com os atletas, falei sobre obsessão do acesso, porque temos que ter obsessão no acesso. É o nosso único objetivo no ano.

Quando você chegou, o Vasco tinha um acesso bem encaminhado e hoje vive um momento de dificuldades. Quais as principais diferenças entre os dois momentos?

– Acesso encaminhado, na verdade, nunca teve. Para quem conhece a Série B, é uma competição imprevisível. É meu terceiro ano na Série B. É uma competição que, se você tira o Cruzeiro, que disparou em seu terceiro ano seguido na Série B, todos os outros clubes enfrentam uma situação semelhante. Em duas ou três rodadas, você pode sair de uma briga contra o rebaixamento e se aproximar do G-4. Hoje, os clubes que estão no G-4, têm um aproveitamento um pouco acima de 50%. Temos 52%. Isso significa numa matemática simples vencer em casa e perder fora. A Série B é equilibrada. E isso está se refletindo nessa reta final.

Acredito que o Vasco, mesmo com as dificuldades, tem feito uma competição estável. Está na maior parte da competição dentro do G-4. Hoje estamos em um momento em que a atenção está redobrada. Não há relaxamento. O foco é total. Trabalho muito para dentro. É a primeira entrevista que estou dando desde que cheguei. Esse silêncio é proposital. É um trabalho incessante aqui dentro, de 24 horas e sete dias por semana para que a gente consiga nosso objetivo.

É natural que eu tenha outras pautas aqui dentro. Não posso só ficar focado no jogo de sábado. A minha pasta é mais ampla. Mas o foco de todos é conseguir esse objetivo maior, que é voltar à Primeira Divisão. Isso não abrirá apenas uma porta. Abrirá um portão para o clube em relação a outras áreas e tamanhos de plataformas. Isso envolve uma série de questões que vão girar em torno de um clube do tamanho do Vasco e estão suspensas nesse ano por conta da Série B. Temos que manter esse foco total nesses cinco jogos que faltam para abrirmos esse portão.

O Josh Wander, ao efetivar a compra do Vasco, disse que acreditava no acesso, mas ele não interferia no projeto da 777 para o Vasco a longo prazo. Mas para você, como diretor-esportivo do Vasco SAF, o quão fundamental é o acesso nesse ano?

– O Josh é dono de 70% do clube. Ele tem outros investimentos e é dono de outros clubes no mundo. Inclusive estamos dentro das pautas do grupo. Tenho três ou quatro reuniões por semana para tratar sobre isso. A minha interação com Genoa (Itália), Red Star (França) e Standard Liege (Bélgica) é quase diária. E obviamente ele (Josh) também tem o enfoque o investimento.

Mas para mim, Paulo Bracks, como diretor-esportivo do Vasco da Gama, o projeto é desportivo, e o Vasco tem que estar na Série A. E não vou mitigar esse objetivo em nenhum dia. Mesmo tendo assumido há um mês, meu trabalho é voltar com o Vasco para a Primeira Divisão. E que esse ano seja o último acesso do Vasco. O Vasco não vai cair mais.

Então meu projeto é desportivo, dentro de um grupo grande. O Vasco é a maior camisa do grupo da 777, com todo respeito aos meus colegas do grupo. Meu projeto é o futebol e não penso em outro projeto que não seja a Série A a partir de 2023.

Como funciona essa interação com o grupo da 777 no dia a dia?

– É importante falar sobre isso porque é novo. E tudo o que é novo gera um desconhecimento. No universo de clubes grandes do futebol brasileiro, temos Vasco, Botafogo e Cruzeiro de camisas pesadas que se tornaram SAF.

A nossa estrutura é diferente da de Cruzeiro e Botafogo. Eu sou o responsável pelo futebol do Vasco. O futebol do Vasco hoje tem um comandante, que sou eu. Eu me reporto ao diretor-esportivo do grupo, que é o Johannes Spors. Ele é o meu chefe. Um alemão que trabalhou no Hamburgo, no Hoffenheim, no Vitesse, no Genoa, no Red Bull. É para ele que eu me reporto sobre futebol. Sobre outras pastas, como a questão financeira, existe o CEO da SAF, que é o Luiz Mello. Obviamente ele me dá o suporte. Não está diariamente no CT, mas vem sempre, estamos sempre nos falando. Todas as pastas administrativas estão com Mello, que se reporta ao CEO do grupo, que é o Don Dransfield, que era do grupo City e é o CEO do grupo da 777.

Então, dentro da estrutura do futebol do Vasco, eles não estão no dia a dia. Isso é nosso. Eles têm visitas esporádicas ao Brasil. Tenho três reuniões semanais fixas com eles, além das reuniões que preciso ter com os diretores-esportivos de outros clubes do grupo. Nessas discutimos questões do grupo. Algumas questões pertinentes ao Genoa podem ser pertinentes ao Vasco. E temos promovido essa troca de experiências. O coordenador de análise de mercado do Genoa, por exemplo, está aqui conosco há alguns dias e ficará conosco até o final da Série B.

Surgiu daí a ideia de trazer um treinador de bolas paradas?

– Trouxemos a inovação do treinador de bola parada, que já é uma realidade na Europa. O futebol europeu é um paradigma para nós e tem que ser. Temos que mirar a Premier League e a Champions League. O Alex Clapham (treinador de bola parada) está nos acompanhando aqui. Aos 16 minutos do primeiro tempo, contra o Operário, fizemos uma jogada ensaiada de bola parada. Só que a execução não foi da forma que queríamos. De quatro jogadores, três fizeram o movimento perfeito, em um escanteio cobrado pelo Nenê (vídeo abaixo). Figueiredo, Raniel e Nenê fizeram os movimentos perfeitos. Isso não é da noite para o dia. Daqui a pouco vai encaixar. É um planejamento para o ano que vem.

Assim tem funcionado o relacionamento com o grupo da 777. Estão nos dando todo suporte financeiro e todo suporte de pensamento sobre futebol. Mas eu tenho autonomia para tocar as decisões sobre o futebol. O futebol está comigo. Eu sou o representante, para o bem ou para o mal. Não sou uma pessoa autoritária. Tenho a capacidade dentro da gestão de dividir. E divido dentro do Vasco, com meus pares, e para cima dentro do Grupo da 777.

No contrato há uma obrigação de investir R$ 120 milhões nesse ano. Como esse dinheiro vem sendo investido, além da questão dos salários, e em termos de estrutura para o elenco?

– Vou ser simplório na resposta. Não pode faltar nada. E isso significa ter tudo à disposição. Isso é ter salários em dia, premiação para o acesso. Não vou falar em números, é um processo interno. Mas tem premiação por acesso. Isso não tinha sido acordado antes com os jogadores. Essa foi uma das lacunas que vi ao chegar. Tem que ter premiação. Os outros clubes têm. É o nosso objetivo do ano. E temos que colocar isso no papel. Sem o acesso vamos ter prejuízo financeiro, desportivo e institucional.

O acordo aconteceu antes do jogo contra o Náutico. Não foi uma iniciativa dos jogadores. Foi minha. Procurei os líderes, discutimos em não mais de três dias e resolvemos. Tenho esse suporte do grupo da 777.

O investimento que será feito em 2023 será proporcional às competições que o Vasco disputará no ano. Terei esse suporte, é o objetivo esportivo do grupo. E não faltar nada é não ter uma logística ruim, dificuldade nas refeições aqui no clube ou fora do Rio de Janeiro, não ter nenhum tipo de problema que possa interferir no campo. E aos poucos estamos fazendo umas reformas no CT. Hoje já temos uma identidade visual, já temos banco de reservas no CT, o campo está sendo tratado de uma forma diferente, com um planejamento melhor de preservação. Nada disso ganha jogo, mas isso impede de perder. É condição para jogadores e comissão técnica trabalharem. Aqui não está faltando nada, temos tranquilidade para trabalhar. Além dos salários e premiações em dia.

Houve mudanças nos departamentos?

– Um dos departamentos que funcionavam com altíssimo nível de competência é o departamento médico. Departamento físico, fisioterapia, fisiologia, nutrição… O número de lesões do Vasco é baixíssimo na temporada. Isso vem de vários fatores, inclusive o nível dos profissionais. É uma área que só vai receber investimento para melhorar cada vez mais.

Uma área em que tenho trabalhado bastante é a de análise de mercado. É meu braço direito. É um braço em que estou investindo, corrigindo algumas coisas para ficarem mais a cara que eu quero para o Vasco. Tive que fazer mais mudanças ideológicas, de metodologia de trabalho. Contratamos um analista, passamos a ter quatro. Vai ter uma quinta contratação de um sistema que vai potencializar nossa análise. Os relatórios chegarão em 24 horas. Teremos um radar de atleta muito mais apurado.

Trouxemos o head de mercado do Genoa para abrir mercados. Ele já foi ao Uruguai em nome do Vasco e do Genoa. Ele vai à Argentina. Temos dois analistas de mercado no Paraguai analisando uma competição sub-20 entre nações. Isso é investimento e nunca vou ficar satisfeito com o que tenho. É um braço direito que o executivo tem que ter, um núcleo de análise de mercado muito forte. Disso eu não abro mão.

Quando você assumiu, Maurício Souza já havia sido demitido e Emílio Faro era o treinador interino. Antes houve conversas com Odair Hellmann. Como foi o processo de decisão até a contratação de Jorginho?

– No meu primeiro dia no Vasco o técnico era o Emílio, efetivado ou não. Para a imprensa ou para o torcedor, pode parecer relevante você ir a público dizer que está efetivando um treinador, mas para nós não. Ele estava sentado na sala do treinador, o apito no treino era dele, quem fechava a lista de relacionados e escalava o time era ele, na lista do jogo da CBF o treinador era ele, quem dava coletiva era ele, então ele era treinador.

Eu estava num processo de conhecimento da comissão, dos jogadores e do que estava acontecendo aqui dentro. Não seria inteligente promover mudanças sem conhecer, até porque meu primeiro jogo aqui foi a vitória sobre o Tombense. No momento que eu entendi que era necessário contratar outro treinador, isso foi feito. Foi uma decisão minha, dividindo para cima e para o lado. Contratamos o Jorginho e mantivemos o Emílio dentro do processo. Foi necessária a mudança naquele momento. Houve um desgaste dentro do elenco em termos de resultados.

Contra o Brusque não só perdemos dentro de campo, mas foi um jogo nervoso, tivemos falha de arbitragem, uma logística ruim, um certo desentendimento com um grupo de torcedores que lá estava. Foi um jogo difícil, um contexto difícil, e entendi que era o momento da intervenção, mas sem ruptura ou mudanças abruptas.

Sou muito grato ao Emílio, que continua nos ajudando. O Jorginho tem uma identificação com o Vasco, é um campeão do mundo, agregador, conhece tática, conhece futebol, e era disso que a gente precisava naquele momento, e não trazer qualquer pessoa. Era essencial alguém que conhecesse o clube. Muito positivo o trabalho dele, do elenco, do clube. Vamos conseguir o acesso para o torcedor ter um fim de ano muito melhor do que teve em 2021.

Há anos o Vasco não tem capacidade financeira para ir forte ao mercado. Com a chegada de investimento estrangeiro, a primeira coisa que os torcedores imaginam são contratações de peso. Já dá para esperar um Vasco forte no primeiro ano, caso volte à Série A?

– Caso volte, não. Vai voltar. Vai voltar e vai ficar. Obviamente o tema contratações já está na minha mesa, já estou trabalhando, mas só depois do dia 7 de novembro vou poder falar sobre o nosso ano de 2023. Sobre elenco, comissão técnica… Não seria inteligente falar sobre isso faltando cinco rodadas para o fim da competição.

O que eu posso garantir para o torcedor é que teremos um elenco na altura das competições que vamos disputar. Vamos entrar para ser competitivo. Não vamos entrar para figurar. Vamos ter investimento suficiente para montar um time de acordo com as competições que estivermos e de acordo com as nossas metas.

E quais são as metas?

– A princípio temos duas competições nacionais, com o retorno à Série A. Copa do Brasil e Brasileiro. Além do Carioca e das competições de base. Vamos ter um elenco para ser competitivo nessas competições. O Vasco não vai entrar para brigar para não cair.

Ainda sobre o elenco de 2023, como estão sendo tratadas as renovações?

– Não vou entrar em reformulação de elenco. O que eu posso passar é que não me agrada ter esse número de jogadores dentro do elenco. Hoje estamos trabalhando com 38 jogadores. Isso é exacerbado pra mim. Esse número é algo que vamos trabalhar para não ter ano que vem. Além desses 38 jogadores, temos atletas emprestados, é uma realidade de vários clubes brasileiros, que pode chegar em até 20% da folha com atletas emprestados. É uma realidade do Vasco e até do meu ex-clube, o Internacional.

Ter 10% da folha em atletas emprestados não é saudável, porque esportivamente você quase não ganha e financeiramente é uma despesa. Vamos trabalhar com um número enxuto de jogadores, não vamos ter tantos atletas emprestados e vamos trabalhar com a transição de atletas do sub-20. Aí sim, se for interessante para esses atletas ter uma minutagem fora daqui no profissional, aí vale, quem sabe até fora do Brasil, que temos essa possibilidade dentro do nosso grupo.

A renovação do Andrey foi seu primeiro ato. Foi uma negociação arrastada, que travou em alguns momentos. Como a SAF vê o Andrey e como o Vasco lida com assédio do futebol europeu?

– Foi a renovação mais difícil que eu já fiz. Uma renovação que quando entrei o jogo já estava 2 a 0 contra, e a gente virou. Um atleta que já é realidade, de altíssimo nível de performance. Sou entusiasta da ciência de dados e estamos fazendo isso no Vasco, dentro do núcleo de análise de mercado, e o Andrey desponta como primeiro colocado em todas as valências dentro da Série B. Deve ser o número 1 em gols, assistências, roubo de bolas, distância percorrida, intensidade se comparado com atletas sub-20 e até sub-23.

O holofote do mundo está em cima dele e é natural. Por isso foi uma renovação difícil, a gente estava fragilizado na mesa, mas contei com a ajuda de quem começou a negociação aqui no Vasco e do próprio Andrey e da família dele, que vibram pelo Vasco. Contei com o interesse deles em continuar essa história e contei com os agentes dele, pessoas de altíssimo nível, com quem eu já tinha relacionamento anteriormente. Um atleta que obviamente tem nossos cuidados para ser desenvolvido, com idade de sub-20 ainda. Garanto que ele não vai sair até o final do ano, mas está na prateleira do cima dos grandes clubes europeus, e a gente não pode mentir também, porque é um jogador muito visado. Mas hoje tem um contrato até 2027.

O Vasco tem capacidade absurda de desenvolver talentos e vamos potencializar isso. Hoje no nosso elenco temos cerca de 15 atletas que vieram da base. Numa realidade de um elenco de 30 jogadores, ter 50% deles vindos da base me agrada, mas quero esses atletas performando. Temos Marlon Gomes, Figueiredo, Eguinaldo, Gabriel Pec. E temos outros que vamos trabalhar. O Vasco tem o Erick Marcus, convocado para a Seleção sub-20, que ainda não está no profissional. Vamos trabalhar com ele da mesma forma que trabalhamos com os outros. A gente conta com ele para a próxima temporada aqui no profissional, ainda que performe no sub-20. Temos outros Andrey, uma cereja do nosso bolo, que tem outras frutas que vão dar muito retorno financeiro.

Outro jogador com muita visibilidade na base e com números impressionantes é o Rayan, que também está em processo de renovação. Você tem participado das negociações?

– Eu tenho participado não diretamente como fiz com o Andrey, mas nos bastidores. Quem trata diretamente dessa renovação é a base. É um jogador que tem projeção muito grande, a renovação é essencial e, acima de tudo, uma segurança contratual para que o Vasco nunca mais tenha uma fragilidade igual a essa do caso do Andrey. Deixar os contratos seguros é um dos trabalhos que a gente vai fazer, contratos que deem possibilidade ao Vasco de negociar os jogadores quando quiser e não quando tiver que negociar. Os jogadores não vão sair mais daqui pela porta dos fundos, de graça. O Rayan é uma joia, um atleta que a gente vai investir no desenvolvimento e vai ser observado no profissional no tempo certo. Há outros com muita qualidade no sub-17 e no sub-20.

Quais outras mudanças serão implementadas na base?

– Vim da base, conheço a base, e a base do Vasco sempre foi referência. Ela tem que continuar sendo referência para que tenhamos essa qualidade que estamos vendo hoje no time titular, com atletas afirmados e performando no elenco profissional. Dentro da nossa linha de planejamento, está dar toda a infraestrutura para a base trabalhar e desenvolver os jogadores no âmbito do sub-17 e do sub-20, ter contratos seguros e conseguir transitar esses atletas para o profissional. Não vamos pular processos. Um dos meus braços vai ser a transição do sub-20 para o profissional.

Se dependesse só de mim, eu traria o sub-20 para ficar perto do profissional, mas isso demanda um investimento muito grande no CT. Futuramente isso pode acontecer, mas hoje é inviável. Vai acontecer a proximidade de ideologias, métodos de trabalho, não vai haver nenhuma informação no sub-20 que não estará na minha mesa. Um clube profissional do tamanho do Vasco não pode ter só um ativo e tem que haver uma linha de sucessão. Se um atleta transita para o profissional, tem que ter um substituto dele no sub-20 e assim em diante. Investir na iniciação esportiva e na captação.

Quais melhorias serão realizadas no CT após a Série B?

– Já começaram algumas mudanças pequenas, mas que interferem no nosso dia a dia. Vamos fazer uma reforma mais pesada depois do final da temporada. Acredito que até antes do fim da Série B já vai ter trator trabalhando aqui no CT, porque teremos um jogo fora na última rodada. A gente vai melhorar os campos e ampliar, precisamos de um campo a mais, vamos ver se faremos um ou meio campo a mais para transformar em três. Infraestrutura de escritório, de salas, academia. Em meados de janeiro já teremos outra cara aqui. Isso já tem sido trabalhado em paralelo, mas não podemos entrar com maquinário por conta das competições.

Tem uma pessoa própria para isso aqui dentro, já trabalhando todos os dias, com a pasta da reforma dentro do CT, trabalhando diretamente com isso. Eu não vou entrar em base e São Januário por enquanto, mas essa pessoa responsável vai também tomar conta de tudo.

Como é a relação com o gerente de futebol Carlos Brazil, que antes comandava o departamento?

– Ele segue como gerente de futebol. Eu vim para ocupar um espaço que era vago, minha função não existia. O Brazil me auxilia no dia a dia, ele está aqui desde dezembro do ano passado, mas ele tem uma história no Vasco. Esses atletas todos que estamos vendo aqui, Andrey, Figueiredo, Pec… todos trabalharam com ele na base, e eu o conheço desde essa época. Ele fez um trabalho que está tendo frutos agora. Uma pessoa que enfrentou meses de salários atrasados, dificuldades de contratações, falta de credibilidade do Vasco, e está me ajudando muito. Tem todo o meu respeito.

Como foi o processo para o acordo com a 777 para ser diretor do Vasco?

– Foi um processo inédito. Eu tinha sido desligado do Internacional em março, e cerca de três meses depois, dentro dos relacionamentos que tenho e dos cursos que eu fiz – aproveitei o período que estava em casa para fazer cursos no exterior -, recebi um convite para participar de um processo de seleção de um grupo estrangeiro que não era a 777. Então recebi um convite de um dos diretores da 777 para ser entrevistado por eles e foram quase 10 entrevistas. Fui entrevistado por quase todas as pessoas do grupo abaixo do Josh. O processo durou uns 40 dias.

No início, eles não deixaram claro que seria para trabalhar no Vasco, mas já comecei a trabalhar o Vasco na cabeça muito antes de ser revelado. No meio desse processo, eu recebi um convite para trabalhar no Santos, mexeu comigo pela camisa e história do Santos, mas eu estava muito comprometido e animado com a possibilidade de trabalhar no Vasco e dentro dessa estrutura de um investimento estrangeiro. O projeto pesou muito, essa volta do Vasco às competições que eu me acostumei a ver o Vasco jogar. A gente cresce no futebol acompanhando os grandes clubes e eu sempre tive um carinho muito grande pelo Vasco. Eu já experimentei as arquibancadas de São Januário, do Maracanã e do Mineirão, quando o Vasco ganhou o Brasileirão de 2000.

Fonte: ge

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