Sentimento não para? Nova queda do Vasco desafia torcida após festa e vaia

Nas arquibancadas de São Januário, Maracanã ou onde quer que o Vasco jogue se ouve a melodia inspirada na música “Anna Júlia”, do grupo Los Hermanos: “O sentimento não para, pois todo vascaíno, tem amor infinito, cantarei de coração”… Mas com o terceiro rebaixamento no Campeonato Brasileiro em oito anos, o clube desafia não só o amor, como também a paciência, a tolerância e a confiança de cada um dos cruz-maltinos. O sentimento não foi abalado em 2009, quando a torcida abraçou o time, lotou os estádios e ainda houve um “boom” inicial de sócios. Porém, cinco anos depois, muitos não perdoaram a segunda queda e a campanha ruim da equipe. O público nos jogos diminuiu consideravelmente, e o que era para terminar em festa acabou com vaia. Prestes a disputar de novo a Série B, qual será o cenário de 2016?

Há mais de seis anos, Vasco e torcida viviam essa experiência pela primeira vez. Houve uma sinergia. Após o exemplo de sucesso que foi o marketing do Corinthians na Segunda Divisão de 2008, a diretoria cruz-maltina lançou a campanha “O sentimento não pode parar” para unir os vascaínos pelo acesso. E o retorno foi imediato: nas arquibancadas, a média de pagantes foi de 25.730 por partida, sendo 12 em São Januário e sete no Maracanã – mesmo com promoções de ingresso, o clube foi campeão de receita com R$ 7.602.805,50. Em campo, o time correspondeu: ganhou 22 dos 38 jogos, empatou 10 e perdeu apenas seis, subiu com quatro rodadas de antecedência e fechou o campeonato com o título e 76 pontos. O duelo que garantiu a volta à elite registrou ainda o maior público da história da Série B, com 78.609 (81.904 presentes) na vitória por 2 a 1 sobre o Juventude com direito à festa no Maraca.

Um contraste do que foi a última passagem do Vasco pela Segundona. Dessa vez, não houve campanha de marketing, e o time começou sua caminhada sozinho, sem sua torcida – por causa da briga de torcedores na última rodada do Brasileirão de 2013, contra o Atlético-PR na Arena Joinville, o STJD puniu os dois clubes com portões fechados. Por conta disso, o Cruz-Maltino rodou pelo país após três jogos com São Januário vazio. Mandou partidas em Teresina, Cuiabá e Volta Redonda, mas com pouco apelo do torcedor. O público voltou a ser grande na volta à Colina depois do fim da punição, mas diminuiu drasticamente após a goleada sofrida em casa por 5 a 0 para o Avaí. As duas partidas que fez no Maracanã, na reta final, lotaram o estádio, mas a média na competição ficou bem abaixo de 2009: 14.232 pagantes. E o duelo que garantiu o acesso terminou com muitas vaias de 56 mil pessoas após o empate por 1 a 1 diante do Icasa. O time terminou com um modesto terceiro lugar, com 63 pontos em 16 vitórias, 15 empates e sete derrotas em 38 compromissos.

reflexo das campanhas para o sócio-torcedor

Foi justamente no ano em que disputou sua primeira Série B que o Vasco criou programa de sócios chamado “O Vasco é meu”, que chegou a ter quase 50 mil inscritos naquela temporada, mas houve muita inadimplência e, desse número, apenas cerca de 18 mil viraram sócios do clube de fato. Segundo nota divulgada pela diretoria cruz-maltina na época, entre maio de 2009 e fevereiro de 2010 o clube teve a adesão de mais de 18 mil sócios. Deles, em janeiro, 13.393 pagaram as mensalidades, e em fevereiro, 12.981.

No fim de 2013, após disputar novamente a Segundona, eram 14.166 associados. Baixo crescimento em relação a 2009 e em meio à denúncia de mensalão no clube: no dia 30 de abril, nada menos do que 1.730 pessoas se tornaram sócias – em apenas um dia, teve mais adesão do que os outros meses do ano juntos, e o mês fechou com 3.026 novos associados.

Na gestão Eurico, o programa de sócio-torcedor vai mudar o nome para “Gigante”, mas ainda não saiu do papel – troca de modelo de programa, multa contratual e a má fase do futebol adiaram mais de uma vez o lançamento do projeto. Atualmente, o Vasco tem cerca de 25 mil sócios, sendo 12 mil pagantes e os demais nas categorias de não pagantes. As empresas que fizeram escopo do novo plano para associados e comercialização de ingressos estabeleceram uma estimativa mínima de conseguir mais 40 mil sócios. E outra vez a Série B aparece como um possível cenário para nova campanha de marketing e novo “boom” de associados.

Ídolos apostam em apoio da torcida e cobram clube

 

Mauro Galvão, Treinador Vasco (Foto: Fernando Pilatos / Futura Press)

“Com certeza vai abraçar, sim. A torcida é muito responsável por essa virada do Vasco. Ela procurou sempre incentivar, vai sempre fazer o papel dela. O clube mesmo é que tem que se preparar, se organizar para evitar esse tipo de situação”
Mauro Galvão
Pedrinho Vasco (Foto: Site Oficial do Vasco)

 

 

“A torcida do Vasco não merecia isso, terceiro rebaixamento num período curto. Mas tem que separar o amor pelo clube. Independentemente de quem esteja lá, amor é interminável. Lógico que fica uma tristeza de o Vasco cair, mas isso logo passa”
Pedrinho

Geovani com a camisa do Juninho (Foto: Reprodução / Facebook)

“Acredito (torcida abraçar o time), mas até quando isso? Fico triste porque o Vasco só vai perdendo torcedores. Os times que mais conseguiram sócios foram porque ganharam campeonatos”
Geovani

 

Ídolos do Vasco, Mauro Galvão, Pedrinho e Geovani acreditam que a torcida volte a abraçar o time na Série B, mas alguns fizeram ressalvas. O zagueiro campeão da Libertadores de 1998 no Cruz-Maltino cobrou uma reorganização do clube fora das quatro linhas. O meia, multicampeão em São Januário entre 1995 e 2001, disse que é preciso separar o amor pela instituição de quem a dirige. E o craque vascaíno dos anos 80 lamentou o acúmulo de rebaixamentos e teme que isso afaste uma nova geração de torcedores.

Fonte: GloboEsporte.com

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