Jorginho traça planos ousados e avisa ‘Queremos fazer história aqui’

O caso de Jorginho é um dos poucos em que o treinador sai “imune” de um rebaixamento. Na realidade, a situação vai um pouco além. Apesar da queda, o técnico está bastante prestigiado dentro e fora de São Januário. Tudo graças à reação nas últimas 15 rodadas do Campeonato Brasileiro que acabou não sendo suficiente por causa de três pontos.

Desde o término do Brasileirão, Jorginho ainda não teve um momento de descanso. Entre reuniões diárias com a diretoria – presenciais ou por telefone – e a atenção especial ao Instituto Bola pra Frente, projeto social que possui no Rio de Janeiro, o treinador reservou 45 minutos do seu dia para atender ao L!. Falou sobre os planos para 2016, relembrou histórias deste ano e deixou claro que o objetivo dele em São Januário vai além de recolocar a equipe na elite do futebol brasileiro.

– O nosso desejo, meu do Zinho e do Joelton (Urtiga, preparador físico) é de fazer um grande Carioca, uma grande Copa do Brasil, subir para a Série A e permanecer em 2017. Queremos criar uma história no clube – comentou, ao LANCE!.

Jorginho passou bem perto de fazer história e conseguir uma reação tida como impossível no Brasileirão. Agora, terá uma temporada pela frente, mas ele demonstra estar bem otimista, até pela base deixada nas rodadas finais. Foi o que ele contou ao L! nessa entrevista exclusiva:

Como você avalia o trabalho feito nestes quatro meses?
Os primeiros meses foram bem turbulentos. A responsabilidade era grande e essa pressão toda que sofremos durante esse tempo, com pontuação muito defasada, nos custou um trabalho forte de estar atento o tempo inteiro a muitas coisas. O grupo era muito grande e além de ganhar os jogos, precisávamos recuperar a pontuação e manter o grupo focado. Foi uma experiência legal. Não conseguimos conquistar o objetivo principal e ficamos muito tristes por isso. Mas todos também reconheceram que o trabalho foi bem feito. Conseguimos um êxito no segundo turno. Se tivéssemos uma pontuação um pouco melhor no primeiro turno teríamos no livrado. Infelizmente não aconteceu, mas criamos uma amizade forte e esperamos ter continuidade agora em 2016.

Em que momento você teve mais confiança de que o Vasco poderia, de fato, não cair?
Até mesmo nas derrotas, em algumas delas quando chegamos, nós fomos bem. Eu tinha confiança de que poderíamos nos livrar e mudar a situação. Sendo bem sincero. Até mesmo quem estava lá já tinha falado isso. O ambiente mudou completamente, os jogadores estavam mais confiantes. Mas não tenha dúvida de que quando engatamos a terceira vitória naquela sequência eu passei a acreditar muito mais. Mas, lamentavelmente, em nenhum momentos conseguimos sair da zona de rebaixamento, até porque a nossa pontuação era bem defasada.

Teve um momento que foi simbólico: a goleada sofrida para o Internacional. A partir dali o time mudou. O que foi feito?
Aquele jogo sem dúvida alguma foi um divisor de água para nós. Foi a pior derrota da minha carreira. Na minha vida só lembro de ter tomado de seis em uma pelada. Como treinador e jogador nunca havia acontecido isso. Foi um baque para mim e para o plantel. Naquele momento, no vestiário, aconteceram algumas colocações que falamos que ou nós cairíamos de vez ou iríamos focar e acreditar em uma arrancada. Todos ali sabiam que aquele plantel não merecia passar por aquilo. A coisa já estava ruim de uma maneira que pior não poderia ficar. E, então, tomei a decisão de mudar o posicionamento de alguns jogadores. Teve a chegada do Leandrão, que foi muito importante. Fez gol só contra a Ponte, mas mudou nossa maneira de jogar no ataque, segurando a marcação e liberando um segundo atacante. E aí a equipe foi encaixando. Aconteceu de o Guiñazú ter fraturado o dedo, tivemos que mudar e o Gallo entrou muito bem, depois veio o Diguinho. As coisas começaram a acontecer. Deixamos o Nenê se preocupando mais com a parte ofensiva do que defensiva. Ali foi a grande virada. Isso trouxe de volta a confiança e as coisas aconteceram ao ponto de a gente ter apenas um tropeço contra o Fluminense nas últimas 15 rodadas. Aquilo nos custou a permanência, pois se tivéssemos vencido eles, dependeríamos apenas de nós contra o Coritiba e aí eu tenho certeza que venceríamos eles lá.

Apesar de o trabalho ter sido positivo, também tiveram erros. O que mudar para 2016?
Vou ser bem sincero. Claro que a gente errou, mas talvez por não conhecer tão bem o grupo. Alguns jogadores nós não conhecíamos exatamente aquilo que eles poderiam nos dar e em algum momento de escalação ou substituição eu posso ter errado. Tivemos alguns erros que poderiam ter nos custado um ponto ou outro. Mas, de uma maneira geral, fizemos um excelente trabalho. Não mudaria muita coisa a não ser de ter um conhecimento mais profundo de cada jogador. Isso vai ser fundamental para o próximo ano. Precisamos de alguns reforços, rejuvenescer um pouco a nossa equipe. Ter uma equipe mais experiente não nos atrapalhou em nenhum momento, mas sofremos alguns gols por erros de marcação e de arbitragem. Erros humanos. Erraram muito contra o Vasco. Precisamos trazer jogadores que serão decisivos para a Série B, para o Carioca e para a Copa do Brasil, mas sabendo que o principal é voltar para a Série A. Temos que fazer a escolha certa desses jogadores, mas de uma coisa temos certeza: hoje conhecemos muito bem o plantel que temos.

O que o torcedor do Vasco pode esperar para o ano que vem?
Em primeiro lugar teremos a definição do nosso plantel. Ainda existe alguma dúvida de quem sai e quem fica. O presidente falou que só uma proposta muito boa para que o Luan, que está sendo muito badalado, e o Nenê, que tem uma cláusula que ele só sai se for para fora do país. Ao mesmo tempo, queremos promover a subida de alguns atletas da base. Alguns que hoje são do sub-17. Eles vão iniciar a pré-temporada com a gente. Não necessariamente ficarão, mas estarão conosco. O caso diferente é o do Mateus Pet, que já é definitivo. Esperamos também algumas contratações pontuais para formar uma equipe competitiva no Campeonato Carioca e na Copa do Brasil, montando uma base bem estruturada e bem entrosada. Algumas equipes quando caem mudam totalmente o plantel, mas no nosso caso temos isso a nosso favor. Mesmo tendo a saída de alguns jogadores, teremos uma base bem montada e isso vai contribuir bastante para que possamos atingir o nosso maior objetivo que é subir para a Série A. Mas não tenha dúvida que vamos buscar o bicampeonato carioca, pois sabemos o quanto é importante. O Flamengo e o Fluminense já têm uma base desse ano e o Botafogo ainda vai se reforçar. Será difícil e disputado.

E a Copa do Brasil? O presidente tem falado que é um objetivo…
O Vasco da Gama é um clube grande, apesar de estar na Série B. E demonstramos isso ao jogar de igual para igual contra qualquer equipe da Primeira Divisão no segundo turno. Por uma série de problemas, principalmente a defasagem de ponto, acabamos não conseguindo reverter. Mas o Vasco é um clube grande e tem sempre que pensar em títulos. Sabemos que a concorrência é grande, até mesmo no Carioca, mas é possível conquistarmos esse título, por que não? Se formamos um plantel com qualidade em cada posição, pelo menos dois jogadores para cada posição, em algumas específicas até três, podemos, sim, pensar em um título da Copa do Brasil. É uma competição eliminatória que você começa a jogar em uma situação totalmente diferente dos pontos corridos. Como o Vasco da Gama é um clube grande temos que pensar sempre em títulos, mas em primeiro lugar é importante entendermos que as contratações precisam ser pontuas, de qualidade, e ainda temos que usar a garotada da base no momento certo para criar um plantel bem competitivo.

O Pet já está garantido. Mas quais os outros garotos que serão observados na pré-temporada?
Estamos definindo isso com a diretoria, nosso gerente de futebol Isaías Tinoco, e a liderança do pessoal da base. Mas alguns nomes como o Andrey (volante, 17 anos), Evander (meia, 17 anos), Alan (lateral-esquerdo, 17 anos), que junto com o Mateus Pet (meia, 17 anos) e o Renato Kayser (atacante, 19 anos) vamos analisar. O Matheus Índio (meia, 19 anos) também vai nos acompanhar na pré-temporada. Existe a possibilidade de mais um ou outro, mas isso não quer dizer que permaneça. Certo é só o Pet. Algumas equipes cometem erros porque o jogador sobe para o profissional e depois não quer descer mais. Isso é errado, pois se queima uma etapa. É melhor ficar com o atleta treinando no profissional, mas com ritmo de jogo na base, seja no sub-17 ou no sub-20. Isso é fundamental.

Como fica a situação de Guiñazú, Herrera e outros jogadores com contrato, mas pouco utilizados?
Essa é uma decisão que entraremos em contato em conjunto com toda a comissão técnica e a diretoria. Aqueles que permanecerão no grupo e aqueles que não vamos contar serão definidos com a diretoria. Tanto o Herrera, quanto o Guiñazú e até alguns outros, é uma coisa que vamos tratar internamente e sem expor para fora.

E os que voltam de empréstimo?
É a mesma situação. Estamos conversando sobre isso com a diretoria para que possamos tomar essa decisão. Tudo será definido.

Sobre reforços: qual a posição que o Vasco mais precisa?
Atacante. Não tenha dúvida. E nem precisa entender muito de futebol para saber que estamos precisando de um jogador de área. Foi o nosso maior problema na reta final. Não conseguir traduzir em gols as oportunidades que criávamos. Temos bons atacantes, mas precisamos de um que esteja presente e que coloque um peso na área. É uma das coisas que precisamos. Existem outras posições, também, mas é muito importante ver que no clube também temos jogadores de qualidade que possam suprir essas necessidade que temos. Então vamos avaliar tudo com muito carinho para que a gente vá ao mercado e busque esses atletas que não temos ainda no nosso plantel.

Sem dúvida, o primeiro reforço foi a sua permanência. Como foi a conversa para renovar?
Foi muito simples (risos). Eu e o Zinho entramos na sala da presidência e o Eurico nos perguntou: vocês querem renovar? Eu disse que sim, o Zinho disse que com certeza e acertamos.

Qual a expectativa pela construção do campo anexo e do espaço físico do Caprres?
Não tenha dúvida que se tivermos o nosso campo anexo, mesmo sendo menor que as dimensões normais, vai contribuir muito, até porque fazemos poucos coletivos. Na maior parte das vezes fazemos um trabalho em campo reduzido e de forma intensa em um tempo muito menor. O campo anexo vai contribuir muito para o nosso trabalho, principalmente por poupar o gramado principal, que se puder ser sempre molhado antes dos jogos será ótimo. Sobre o Caprres, já está sendo fundamental. Não vai se tornar, apesar de que é claro que o espaço físico vai contribuir e muito para o que toda a fisioterapia e o Alex (Evangelista, gerente científico) desejam fazer. Não apenas para a prevenção, mas também para a recuperação dos atletas. Não tenha dúvida de que estaremos um passo à frente do que já estivemos nessa temporada.

Apesar do rebaixamento, o trabalho no Vasco é um dos melhores na sua carreira?
Não tenha dúvida que o trabalho foi muito bom. Só não foi melhor porque não permanecemos. A cereja do bolo não chegou, infelizmente. Eu tive um trabalho que considero excelente no Figueirense (2011), porque o nível financeiro e técnico era diferente. Mesmo assim ficamos em sétimo com chance de título e Libertadores até as rodadas finais. Na Ponte foi marcante porque chegamos em uma final inédita. Flamengo e Goiás bem curto. No América foi sensacional, em 2006.

Fonte: LANCENET!

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